Para vencer a 'guerra contra o fogo', bases avançadas são reativadas no Pantanal
Treinamento de brigadas comunitárias também será intensificado nas próximas semanas
Se queres a paz, prepara-te para a guerra, diz o antigo provérbio romano. Pensando em prevenir um novo cenário catastrófico de incêndios florestais no Pantanal, equipes do Corpo de Bombeiros Militar já iniciaram os trabalhos de preparação para enfrentar os desafios do fogo desta temporada.
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Um dos principais focos dessa preparação é a reativação das bases avançadas, que desempenham um papel crucial no combate a incêndios em áreas remotas e de difícil acesso, comum no bioma pantaneiro.
As atividades começaram a ser intensificadas nesta semana, com o planejamento das ações, a formação de brigadas e o monitoramento de focos de calor.
O Sistema de Comando de Incidentes (SCI), em parceria com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), já está realizando a avaliação das regiões mais críticas para a instalação das bases, que serão fundamentais para o combate aos incêndios durante a temporada.
Implantadas no ano passado, as bases avançadas ficam em pontos estratégicos para uma resposta rápida ao fogo, permitindo um combate mais eficiente. Para 2025, o planejamento inclui a ativação de todas as 11 bases avançadas, com equipes especializadas e equipamentos prontos para o combate.
A força-tarefa contará com 408 militares, sendo 240 temporários e 168 novos soldados. A presença permanente das bases no Pantanal também permitirá uma resposta mais rápida, reduzindo o desgaste das equipes e facilitando o transporte de equipamentos.
As bases instaladas no ano passado também desempenham um papel preventivo, realizando vistorias e monitoramento das áreas para identificar possíveis novos focos de incêndio. Essa estratégia, somada às ações educativas nas comunidades locais, é essencial para minimizar os danos ao ecossistema.
Brigadas - De acordo com o major Eduardo Teixeira, subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental do CBM-MS, a formação de brigadas tem sido uma prioridade. "O Corpo de Bombeiros tem recebido várias solicitações de brigadas e treinamento, e agora começamos a colocar em prática essas ações", destacou.
A primeira brigada formada, em parceria com o Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (NEFAU) da UFMS (Univesidade Federal de Mato Grosso do Sul), será instalada em uma propriedade particular em Corumbá, uma das áreas mais afetadas por incêndios nos anos anteriores.
Ao todo, 15 pessoas farão o treinamento para atuar em áreas do complexo hidrológico dos rios Miranda-Abobral. "Será a primeira brigada composta por pessoas que ficam de sobreaviso e terão treinamento específico para atuar no combate e prevenção. Elas estarão prontas para agir se houver necessidade", explicou a gestora do projeto Nefau, Tamires Yule.

Alerta - O Pantanal registrou o segundo ano mais seco da história, com uma redução significativa na superfície de água. Em 2024, a área de água no bioma diminuiu 4%, totalizando 366 mil hectares. O ano foi 52% mais seco do que a última cheia completa em 2018, o que afetou os ciclos naturais de seca e cheia do Pantanal. A média anual de chuvas, de cerca de 1.100 mm, não tem sido alcançada nos últimos anos, o que agrava a situação.
O aumento da seca nos últimos 6 anos é preocupante, pois o pulso de inundação, essencial para renovar a biodiversidade local, tem sido comprometido. A falta de cheia afeta principalmente o Rio Paraguai, responsável por abastecer o bioma e segurar a água por mais tempo.
Além disso, a vegetação, que depende da cheia para se desenvolver, tem ficado vulnerável ao fogo devido à seca prolongada. A atividade humana é a principal causa dos incêndios no Pantanal, representando 84% dos focos. Em 2024, foram registrados 613 focos de queimadas na região, contribuindo para o desequilíbrio ambiental. O ano de 2025 também é esperado para ser impactado por anomalias negativas de chuva.
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