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Meio Ambiente

Pico da cheia no Pantanal ficará longe dos níveis mais altos, diz Embrapa

Afirmação é de pesquisador da Embrapa, que apontou medições de 4,5 metros na estação de Ladário

Lucas Junot | 29/05/2017 14:37
A expectativa é de uma inundação normal este ano (Foto: Nicoli Dichoff/Embrapa)
A expectativa é de uma inundação normal este ano (Foto: Nicoli Dichoff/Embrapa)

Em meados de junho deste ano deverá ocorrer o pico da cheia no Pantanal, quando o nível do Rio Paraguai deverá chegar a aproximadamente 4,5 metros na estação de Ladário, 420 km a oeste de Campo Grande.

As informações são do pesquisador Carlos Padovani, da Embrapa Pantanal, que realiza análises de dados meteorológicos, pluviométricos, hidrológicos e de outras áreas que possam influenciar a cheia anual da região.

De acordo com o pesquisador, a inundação deste ano é considerada normal, ainda que a fase de enchente tenha se prolongado em relação ao ano passado.

"Este ano, devido ao volume de chuvas registrado em toda a bacia do Alto Paraguai – tanto no norte quanto no sul – não é possível esperar que o nível dos rios suba muito. Não tivemos uma grande quantidade de precipitações para abastecê-los", afirma o pesquisador.

As bacias do Rio Paraguai, do Rio Cuiabá e São Lourenço são as três maiores bacias que contribuem com as águas do Pantanal. "Um grande volume de água da nossa cheia vem das chuvas que caem no Mato Grosso", completa.

Mesmo que o volume de chuvas não tenha levado a uma enchente acima do esperado, Padovani afirma que a continuidade das precipitações normalmente diminui a partir de março, mas as chuvas continuaram após esse período em 2017 e isso pode ter levado ao prolongamento da subida das águas.

"Para a região logo acima e abaixo de Ladário, outro fator que deve ter influenciado a continuidade da subida das águas é o rio Taquari, que permaneceu acima da cota de alerta de 4 metros na altura da régua de Coxim durante vários dias nos meses de dezembro a março".

As enchentes de quatro a cinco metros estão longe dos níveis mais altos atingidos pelo Rio Paraguai na região, afirma Padovani.

"Considerando que as maiores cheias já registradas na estação de medição de Ladário marcaram entre seis e sete metros, a de 2017 está dois metros abaixo dessas grandes inundações. Com o propósito de comparação, deve-se considerar, ainda, que o intervalo de nível máximo de cheia entre 5 e 5,5 metros para o Rio Paraguai em Ladário é o mais comum, tendo ocorrido 30 vezes desde que se iniciaram as medições em 1900".

De acordo com o pesquisador, o Rio Paraguai praticamente não inunda o Pantanal quando atinge até quatro metros – a não ser no caso das regiões mais baixas, próximas às margens do rio.

"Acima desse valor, temos a possibilidade de inundações maiores", diz. É nesses casos que ele afirma haver um certo risco, seja para moradores de comunidades ribeirinhas ou para rebanhos bovinos mantidos nas áreas mais baixas, de que estes sejam afetados pelas cheias, tendo que ser removidos para partes mais altas.

Padovani ressalta, porém, que algumas regiões podem ser inundadas se houver um volume significativo de chuvas locais, embora não haja indicativos de uma grande cheia até o momento.

"Os rios Aquidauana e Miranda são rios de bacias pequenas e com relevo bem acidentado em relação às outras. São bacias que respondem muito rapidamente às chuvas, em termos de horas. Se há chuvas muito intensas nas partes mais altas dessas bacias, eles podem subir alguns metros, já que respondem muito rapidamente".

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