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Meio Ambiente

Plano do Cras de soltar onça fujona provoca manifestações contrárias

Marta Ferreira | 23/03/2011 17:56

Centro decidiu que se animal for mesmo solto, local será sigilo

O Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, decidiu não divulgar o local onde poderá ser solta onça-pintada que fugiu duas vezes do local, em razão das manifestações contrárias recebidas. Elas vieram principalmente de fazendeiros do Vale do Ivinhema, uma das regiões prováveis para o felino ser solto, e foram feitas à PMA (Polícia Militar Ambiental), que relatou ao Cras.

O temor manifestado é de que, como não apresenta medo do ser humano, a onça ronde as fazendas da região, segundo explicou o comandante da PMA, major Carlos Sebastião Matoso.

Ele explicou que as manifestações foram feitas por telefone, como reflexo das notícias de que a onça seria solta.

O diretor do Cras, Elson Borges, informou que, por conta disso, foi acordado que, caso a onça seja mesmo solta, o local onde isso vai acontecer será mantido em sigilo. É a primeira vez que se planeja fazer isso com uma onça-pintada no Brasil.

Elson tranqüiliza os que tem medo do bicho informando que todo o procedimento de soltura será acompanhado pelo Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros), órgão ligado ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), que fornecerá um rádio-colar com o qual será possível monitorar os passos da onça via satélite. “Se ela se aproximar da sede de fazendas, por exemplo, teremos condições de ir a campo”.

Recapturada no dia 12 de março, onça-pintada passou por exame que vai definir seu futuro. (Foto: João Garrigó)
Recapturada no dia 12 de março, onça-pintada passou por exame que vai definir seu futuro. (Foto: João Garrigó)

Decisão depende de exame- Conforme o diretor do Cras, o martelo ainda não está batido em relação à ida da onça para o ambiente selvagem, embora essa seja a intenção. Falta a chegada de um exame de sangue, colhido na semana passada, e que está sendo realizado em um laboratório de Curitiba, no Paraná.

O teste vai identificar se o animal contraiu o vírus de duas doenças comuns em felinos urbanos, o FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) e o FelV (da Leucose Felina). Cerca de 15% dos gatos doentes costumam apresentar esses vírus e se a onça estiver com algum deles, não poderá ir para a natureza dado

o risco de contaminar animais selvagens.

Sobre a região onde o animal deverá ser solto, se estiver saudável, Elson

Borges informou que deverá ser na Bacia do Rio Paraná.

Ele explicou que como ela veio dessa região, não pode ser reintroduzida na natureza em outra parte do estado, para evitar misturas genéticas. A onça foi encontrada ainda filhote, em uma propriedade de Água Clara.

Tranquila-A onça está perto de completar um ano. Depois de duas fugas, ela está sossegada, conforme o relato dos funcionários do Cras. A jaula onde a onça fica, usada antes por um leão, recebeu reforço para evitar novas fugas.

O felino fugiu pela primeira vez do Cras em 29 de outubro de 2010, foi recapturada e escapou novamente no dia 30 de dezembro. Nesse meio tempo, o animal ganhou comunidades e perfis nas redes sociais, que brincavam com a fuga da onça.

No dia 12 de fevereiro, ela caiu em uma das nove armadilhas montadas na reserva. À época, estava com ferimentos no rosto e nas patas, o primeiro fruto da fuga de outubro e o segundo da tentativa de escapar das armadilhas.

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