Polícia fecha rinhas de galos e resgata 170 animais
Autores prestaram depoimentos e foram multados em R$ 85 mil
Após denuncias anônimas, a Polícia Civil em conjunto com a PMA (Polícia Militar Ambiental) fechou neste sábado (8) dois locais que serviam como criadouro de galos para rinha, em uma Zona Rural de Campo Grande. Dois homens, de 61 e 56 anos, foram conduzidos para a delegacia pelo crime de maus-tratos. Ao todo, foram apreendidos 170 animais e encontrados dezenas de materiais utilizados para promover o combate entre aves.
A operação iniciada ainda ao amanhecer contou com mais de 16 horas de empenho das equipes, que estiveram em dois endereços. Nos locais, os policiais constataram a presença de mais de uma centena de aves, algumas soltas no terreno e a maioria confinada em gaiolas. Dentre elas, destacam-se as aves da raça "Mura", consideradas de maior valor econômico por serem utilizadas em brigas de galos do tipo rinha. As gaiolas encontradas variavam em tamanho e disposição, incluindo 43 gaiolas menores e 10 de tamanho maior em um espaço fechado, além de outras gaiolas na área externa coberta.
Durante a vistoria, foram observadas diversas situações de maus-tratos. Muitas aves estavam sem água e comida, algumas apresentavam mutilações, como a retirada dos esporões por meio de intervenções cirúrgicas caseiras. Além disso, foram encontrados diversos petrechos utilizados nos combates entre os animais, tais como "buchas" (luvas para os pés do galo), "biqueiras" (protetores de bico) e "rebolo" (aparato semelhante a um ringue). Diversos medicamentos, como o "Prador" (contendo Meloxicam e Dipirona, princípios ativos da família dos anti-inflamatórios), também foram apreendidos. (Veja o vídeo abaixo)
O responsável pelo cuidado das aves relatou que esses materiais eram utilizados no treinamento dos animais, em que o valor estimado dos animais aumentava de acordo com seu desempenho nas rinhas. Polivitamínicos, como o "Complexo B12" e o "Glicopan", também eram utilizados no preparo dos animais para as lutas.
Ao saber da ação, o proprietário compareceu ao local e confirmou as informações relatadas pelo cuidador. Além disso, foram encontrados galos com anilhas afixadas de forma grosseira em suas asas. De acordo com o proprietário, as anilhas eram utilizadas para identificar as aves, indicando sua espécie, data de nascimento e criadouro. Também foram encontrados materiais cirúrgicos, como seringas, tesouras e agulhas.
Em decorrência da mesma situação, o vizinho da propriedade investigada também foi abordado pela polícia. Em entrevista, ele confirmou que cria galos da raça "Mura" em seu lote próximo à propriedade em questão. Durante a vistoria, foram constatadas condições semelhantes de acondicionamento das aves, além da presença de materiais e medicamentos utilizados em combates de galos. O homem também utilizava anilhas nos galos, sem a presença de um médico veterinário responsável.