Projeção é de uma árvore para cada cinco pessoas, mas maioria não tem nenhuma
Muitos já colocaram árvores abaixo, como testemunhou a reportagem no Itamaracá
Com a projeção de uma árvore para cada cinco habitantes, Campo Grande faz bonito no todo, com muitas áreas verdes pelo território, mas quando o olhar é para a porta de casa, a realidade é bem diferente.
A maioria já pôs as árvores abaixo, o que torna impossível contar com a sombra e o conforto térmico durante caminhadas por muitos bairros. A reportagem passou pelos jardins - Jardim Centro-Oeste, Jardim Novo Século e Jardim Itamaracá - mas a ideia de verde fica somente no nome.
Morador no Jardim Centro-Oeste, região do Jardim Paulo Coelho Machado, Aparecido da Silva Miguel, 61 anos, faz parte da população campo-grandense dos “sem árvores”. Se por enquanto não tem uma para chamar de sua, pretende fazer o plantio de duas na porta de casa.
“Não tem sombra aqui. Se Deus quiser vai refrescar e não vou ficar mais aqui no sol. É duro, com o calor a gente não tem nem para onde correr”, reclama.
No Jardim Novo Século, a reclamação é igual. “Moro há três anos no bairro e é muito quente. O calor bate de frente aqui no comércio, esquenta muito e tenho que procurar sombra do outro lado da rua”, diz a comerciante Natália Alves Ramos, 32 anos.
De acordo com ela, quando terminar a obra do asfalto, a intenção é fazer plantio de vegetação.
Em outro jardim, o Itamaracá, uma árvore era colocada abaixo na Rua Georgina Pereira Barbosa, para abrir espaço ao piso tátil. A reportagem tentou contato com quem resolveu que era hora de se livrar das árvores na porta de casa, mas quem corta prefere não comentar.
No ano passado, em matéria comemorativa ao aniversário de Campo Grande, o portal de notícias do governo do Estado divulgou que a proporção era de uma árvore para cada cinco habitantes da Capital. O cálculo considerou os dados de 153.122 árvores plantadas na área urbana e população do último Censo, que mostrava a cidade com 774 mil habitantes. A reportagem solicitou dados para a prefeitura de Campo Grande, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.