Na semana dos namorados, neuropsicóloga ensina como identificar um abusador
Elizabeth Ribas criou projeto que atende, de graça, mulheres vitimas de relacionamentos abusivos
Na semana em que a capital parou para comemorar duas datas que envolvem o imaginário coletivo com a ideia romântica do namoro e de celebrar os relacionamentos amorosos, o Na Íntegra podcast traz ao estúdio a idealizadora de um projeto que hoje, presta atendimento jurídico e terapêutico a mais de 150 mulheres, de forma online e gratuita. O Projeto Renovare, criado pela neuropsicóloga e advogada, Elizabeth Ribas, tem ganhado reconhecimento através das redes sociais e da rede de combate e enfrentamento à violência contra a mulher. Em Campo Grande, ele funciona dentro de uma clínica voltada para acolher mulheres vítimas de abuso físico e emocional.
O alerta vem nessa semana de dia dos namorados e feriado de Santo Antônio, justamente, para chamar a atenção dos leitores para o perigo dos relacionamentos abusivos e do estelionato emocional.
Dependência – Elizabeth começa falando sobre a dependência emocional, uma condição que, na maioria das vezes, é consequência de vínculos mal formados ainda na infância.
“Você vai buscar, lá atrás, na história dessa mulher, principalmente das mulheres, (não estou dizendo que a dependência emocional seja algo exclusivo que só as mulheres passam) (...) ela vem de uma infância, sem dúvida, com um vínculo de afeto mal formado, passa pela juventude, chega até a vida adulta e não sabe lidar. Ela já carrega sim, uma baixa estima e não sabe disso, não percebe, não se percebe. Mas o abusador percebe!”
Alerta – Muitas vezes, o próprio abusador dá os sinais, mas a dinâmica das relações abusivas marcada pela oscilação entre prazer e estresse, deixa a vítima confusa, é o que a literatura chama de dissonância cognitiva, quando a vítima passa a duvidar de si mesma, o que afeta a capacidade dela em perceber que está sendo abusada. Nesse ponto, já podem ter havido muitos descartes e retornos ao relacionamento e, a cada volta, após a fase do love bombing, também chamada de “lua de mel”, a violência vai sendo intensificada, é o escalonamento que pode resultar em feminicídio.
“O abusador procura quem? Quem ele consegue manipular. E isso é visível numa conversa: quem é manipulável e quem não é”, ressalta a neuropsicóloga.
Bandeiras vermelhas – no início, as vítimas são alvo de um bombardeio de amor, marcado pela intensidade, por ser essa uma forma rápida e eficaz de fisgar a vítima. Depois, o comportamento do parceiro começa a oscilar entre bom e mau, condicionando a vítima a, nos momentos de crise, justificar os abusos e se empenhar cada vez mais em buscar o “lado bom” mostrado pelo agressor lá no início, na fase da conquista e depois, ofertado, aos poucos, em forma de “migalhas”, no decorrer da relação abusiva. Um condicionamento perverso que vai minando a identidade da vítima.
A desvalidação crônica que acontece através do controle e da tirania do abusador é outro sinal que serve como bandeira vermelha. As relações abusivas são marcadas pela imprevisibilidade e pelo caos. A mão que afaga é a mesma que bate. Vai se cristalizando aí um ambiente de medo que, aliado à exaustão emocional da vítima, torna-se o cenário perfeito para o fortalecimento da relação de dominação.
“Há vários medos, por isso que ela vai para esse local e estaciona ali, em total submissão”, completa Elizabeth.
Assista ao episódio completo de Na Íntegra clicando aqui.