"Cansaço", define eleitor sobre o clima ao fim da campanha
Campanha marcada por ataques mútuos e falta de propostas foram reclamações às vésperas do segundo turno
Cansaço, sensação de “guerra constante” e indecisão. São sensações reveladas pelos eleitores às vésperas do segundo turno que irá decidir o futuro governador de Mato Grosso do Sul e o presidente do Brasil. Nas ruas, não é difícil encontrar quem declararam a vontade de que o processo chegue logo ao fim e reclamaram da falta de propostas, substituídas por ataques entre os candidatos, mas principalmente entre "fãs" dos postulantes aos cargos.
Publicitário, Nerton Bueno, 64, tem voto definido, mas afirma que “sobrou dos piores, o melhor”. Assim como ele, a maioria dos eleitores que conversaram com a reportagem demonstraram que, apesar da escolha, não há satisfação. “Estou cansado, já chega. Queria que acabasse no primeiro turno. Não vou ouvir mais um xingando o outro, não precisamos de agressão”, comentou.
Para o trabalhador de serviços gerais João Martins, 58, sobra indecisão. O motivo, relata, é que nenhum candidato representa a população carente. “Já era para ter acabado faz horas, não falam sobre a população carente. Estou indeciso ainda, vou chegar e brigar com a máquina”.
“Acho que não representam a população. Quando se elegem passam perto e nem parece que se importam. O sentimento é de cansaço”, complementa.
Luiz André, 46, também está indeciso quanto à escolha presidencial. “Cada um fala uma proposta totalmente diferente. Quero que acabe logo essa política, para poder ficar aliviado. Às vezes sai até briga. O clima está ruim, está tenso”, pontua.
Clara Mendes Figueiredo, 62, é aposentada e avalia que a campanha “foi tumultuada”. “É muito um falando mal do outro, sem mostrar as propostas. Na verdade estou indecisa. Quero que acabe logo, mas estou muito preocupada com o que vai acontecer depois”, comentou.
Vigilante, Ricardo Rosa dos Anjos, 39, já tem voto definido para o Estado e para o país. Ele afirma que não acompanhou muito “a política”, e se informou pelas redes sociais. O peso das redes sociais e da internet é outra novidade nessas eleições, que elegeram novatos com pouca projeção nas mídias tradicionais, mas com muitos seguidores nas redes.
“Quero que acabe logo. A gente abre o Facebook e só vê um falando do outro. Muita fake news, acho que atrapalha”, opinou o vigilante.
Desossador em frigorífico, Ari Ramos, 53, não votou no primeiro turno e não irá votar no segundo. Para ele, o motivo é que nenhum candidato representa suas ideias. “Está muito pesado. Todo mundo quer falar uma coisa, mas não quer fazer nada. A melhoria mesmo não vai ocorrer”, relata.
“Só vão trocar a coleira, mas o cachorro vai continuar o mesmo. Eles só prometem, mas não cumprem. Minha sensação é que não vejo a hora que chegue domingo”, afirmou.
Promotora de eventos, Thailla Souza, 29, tem candidato definido para o governo, mas não para presidente. “A sensação é de impotência, de desespero. Está vergonhosa a campanha política. Nenhum falou das propostas. Estou muito preocupada pelo fato de que cada um só ataca o outro. Tenho dúvida se vai continuar com obras que já foram iniciadas”, declarou.
A mobilizadora Brenda Ariel, 26, também afirma que faltaram propostas dos candidatos. “A sensação é de não saber em quem votar, porque ao invés de falarem das propostas, ficam se debatendo. Bate um cansaço porque você abre o Facebook, só se fala em fake news, um apunhalando o outro”.
Heverlin Sena Lopes, 35, foi a única, das pessoas que conversaram com a reportagem, que não reclamou da campanha. Além disso, está com voto definido e afirma que o período eleitoral não muda sua opinião, “definida muito antes”. “Fica aquele jogo de empurra, um falando mal do outro, mas acompanho mais pela internet, do que pela televisão”, comentou.
Para a autônoma Lilian Afonso, 34, as campanhas não têm sido positivas “nos últimos anos”. Ela também está indecisa quanto à escolha de presidente. “Não foi boa [campanha] e não tem sido nos últimos anos. Tem se deteriorado. A gente não tem tido alguém com um pontapé de caráter”.
“O que falta em um, tem no outro. Nenhum tem o que o a gente precisa no país. Proposta não é denegrir o outro, como tem sido nas campanhas. Ainda estou refletindo com relação à presidente. Porque a gente não tem boas opções. Não está agradável, nem pra eles [candidatos]. Quero que acabe logo”, contou.