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Política

Amorim diz que só torceu como “cidadão” pela cassação de Bernal

Aline dos Santos | 28/09/2015 11:31
João Amorim (de camisa) nega atuação direta ou nos bastidores para cassar prefeito. (Foto: Marcos Ermínio)
João Amorim (de camisa) nega atuação direta ou nos bastidores para cassar prefeito. (Foto: Marcos Ermínio)

Investigado na operação Coffee Break, que apura esquema envolvendo vereadores e donos de empresas para a cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) em março de 2014, o empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos nega que tenha atuado para a derrocada do prefeito, mas torceu para que Bernal deixasse o comando do Poder Executivo.

“Não falei para Bernal que iria derrubá-lo; não atuei diretamente, nem nos bastidores, para buscar a cassação de Bernal, mas torci como cidadão para que isso acontecesse”, afirmou Amorim durante depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) no dia 25 de agosto, quando foi deflagrada a operação. Na ocasião, João Amorim foi detido para depor, sendo liberado em seguida. O termo técnico para o procedimento é condução coercitiva.

Aos promotores, o empresário relatou que é dono da Proteco Construções Ltda e que os contratos com a prefeitura, que ele calculou em R$ 10 milhões, são da gestão de Nelsinho Trad (PTB), que à época era seu cunhado. Segundo o relato do empresário, Bernal cancelou e suspendeu contratos, incluindo pavimentação no Centro da cidade.

João Amorim disse que não tomou medidas para que os contratos fossem retomados e o diálogo com Bernal só veio no segundo semestre de 2013. Na ocasião, o prefeito sinalizou que um contrato poderia ser restabelecido.

O empresário afirma que manteve contato com o vereador Mario Cesar (PMDB), atualmente afastado da presidência da Câmara Municipal, em busca de informações sobre o processo de cassação. João Amorim disse que tinha interesse na saída de Bernal, pois ele não era um bom prefeito.

Ele ainda citou aos promotores que o consórcio CG Solurb, cujo um dos sócios é seu genro, levou calote da prefeitura. Após Gilmar Olarte (PP) assumir em substituição a Bernal, os contratos entre o município e a Proteco foram restabelecidos. Segundo o empresário, sem alteração nos valores.

O depoimento de Amorim ao Gaeco foi anexado pela defesa a pedido para que o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) indefira eventual solicitação de prisão preventiva. A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Amorim.

Suspeita - Gravações da operação Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho pela PF (Polícia Federal), sinalizam a interferência do empresário João Amorim na votação em que os vereadores cassaram o Bernal.

Sem saber que estava com as conversas telefônicas monitoradas, com autorização da Justiça Federal, Amorim articula e acompanha todo o processo de cassação à distância. E, de acordo com as interceptações, assim que a sessão é encerrada, ele recebe inúmeras ligações parabenizando-o pela vitória. Bernal foi cassado por 23 votos a 6.

No dia 25, a Coffee Break, que foi deflagrada após compartilhamento de provas com a Lama Asfáltica, deteve 13 pessoas para prestar depoimentos. A condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a ir, foi autorizada para nove vereadores: Mario Cesar (PMDB); Edil Albuquerque (PMDB); Airton Saraiva (DEM); Waldecy Batista Nunes (PP), o Chocolate; Gilmar da Cruz (PRB); Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão; Edson Shimabukuro (PTB), Paulo Siufi (PMDB) e Jamal Salém.

Na ocasião, também prestaram esclarecimentos o ex-vereador Alceu Bueno, que renunciou após escândalo de exploração sexual, e os empresários João Amorim, Fábio Portela Machinsky e João Roberto Baird. A Justiça autorizou o afastamento de Olarte e Mario Cesar dos cargos. No mesmo dia 25 de agosto, mas em outro processo, o Poder Judiciário deu aval para a volta de Bernal à prefeitura.

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