Bernal pode enfrentar 2ª CPI se empresa suspeita não explicar contrato
O prefeito Alcides Bernal (PP) pode ser alvo de nova investigação na Câmara Municipal se os proprietários da Salute, Érico Chezini Barreto e Aldoir Luís Czizeski, ignorarem segunda convocação da CPI do Calote para esclarecer contrato suspeito, no valor de R$ 4,3 milhões, fechado com a Prefeitura de Campo Grande.
“Se eles não aparecerem na segunda-feira (12), na terça (13) abrimos a CPI da Salute”, anunciou o presidente da CPI do Calote, vereador Paulo Siufi (PMDB). A sugestão partiu do relator da comissão, vereador Elizeu Dionísio (PSL), após os empresários faltarem à oitiva nesta quinta-feira (8).
Para eles, a convocação é um “equívoco” da comissão porque “a prefeitura não teria dívidas com a Salute”. A justificativa indignou os parlamentares. “É muita petulância a empresa querer pautar a CPI. Vamos dar uma nova chance a eles, mas se não comparecerem na terça apresento requerimento para instalar a CPI da Salute”, avisou o relator.
Criada em 1º de abril deste ano com capital social de R$ 50 mil, a microempresa abocanhou contrato emergencial no valor de R$ 4,3 milhões com a prefeitura. Desconfiados com o fato de uma empresa recém-criada superar atacadistas tradicionais no ramo alimentício, os vereadores foram três vezes à sede da Salute, mas não encontraram nada. “Nem alma viva, nem fantasmas”, comentou Siufi.
A ausência na oitiva de hoje só aumentou as suspeitas dos vereadores. “Hoje, acredito que isso foi uma estratégia para esconder possíveis irregularidades”, disse Dionízio. Além dele e Siufi, o vereador Otávio Trad (PMDB) também adiantou apoio à instalação da CPI da Salute.
Panos quentes - Presentes na oitiva de hoje, o secretário municipal de Planejamento, Wanderley Ben Hur, e o procurador-geral Luiz Carlos Santini colocaram panos quentes nas suspeitas da CPI. “Eles estão usando termos indevidos”, disse Ben Hur sobre a acusação de a empresa ser de fachada.
Para ele, a Salute está regular, caso contrário “não teria conseguido inscrição estadual”. “Eles cumpriram todos os requesitos”, disse. O secretário ainda pontuou que “existe uma série de questões” para justificar a ausência dos empresários na sede. “Cada um tem o seu horário”, ponderou.
Santini aproveitou para defender contratos com microempresas como meio de incentivar “novas riquezas”. “A lei dá preferência a elas, até mesmo quando apresentarem preços 10% superior aos das grandes empresas”, destacou.
Indagado sobre como a Salute conseguiu apresentar preços bem abaixo do mercado, o procurador disse que “há 10 trabalha com licitação e conheço muito a malandragem do superfaturamento que colocam nas propostas”.