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Política

“Bill Gates Pantaneiro” volta à cena e irriga campanhas com mais de meio milhão

O maior valor, R$ 150 mil, foi doado para o delegado Cleverson, que disputa a prefeitura de Costa Rica pelo PP

Marta Ferreira | 09/11/2020 14:35
João Roberto Baird, empresário do ramo da informática implicado em denúncias de irregularidades. (Foto: Arquivo/ Campo Grande News)
João Roberto Baird, empresário do ramo da informática implicado em denúncias de irregularidades. (Foto: Arquivo/ Campo Grande News)

Preso em 2018 na operação “Computadores de Lama”, a 6ª fase da “Lama Asfáltica”, da Polícia Federal, o empresário João Roberto Baird, o “Bill Gates Pantaneiro”, volta à cena política de Mato Grosso do Sul como doador da campanha de quatro candidatos a prefeito e 12 postulantes ao cargo de vereador em cinco cidades.

A consulta aos dados da Justiça Eleitoral mostra investimento de R$ 615 mil, divididos entre candidatos da Capital e dos municípios de Costa Rica, Coxim, Figueirão e Alcinópolis, todos no Norte do Estado.

Das 16 candidaturas beneficiadas, o maior valor foi para o chapa formada pelo delegado da Polícia Civil Cleverson Alves dos Santos (PP) e o vice Ronivaldo Garcia Cota (PSDB) em Costa Rica. Baird injetou R$ 150 mil na campanha dos candidatos da oposição à sucessão municipal.

Informação do site da Justiça Eleitoral mostra que Baird está no topo dos doadores de campanha de candidato a prefeito de Costa Rica. (Foto: Reprodução do site do TSE)
Informação do site da Justiça Eleitoral mostra que Baird está no topo dos doadores de campanha de candidato a prefeito de Costa Rica. (Foto: Reprodução do site do TSE)

“Bill Gates Pantaneiro” é irmão do ex-prefeito de Costa Rica, Jesus Queiroz Baird, e tio do candidato a vereador, Arthur Delgado Baird. Na comparação com os valores já arrecadados pelo delegado que disputa a prefeitura, o investimento da família Baird é pesado.

Só a doação de João Roberto Baird representa 87,2% dos R$ 171,9 mil informados ao Tribunal Regional Eleitoral. Outro Baird, o empresário André, também contribuiu com R$ 5 mil.

Na região, o empresário também doou outros R$ 150 mil para políticos na disputa por prefeituras.  Foram R$ 50 mil para Dalmy Crisóstomo da Silva (DEM), que tenta reeleição em Alcinópolis, o mesmo valor para o advogado Edilson Magro (DEM), um dos sete na disputa em Coxim, e os outros R$ 50 mil para Ildo Furtado de Oliveira (PSDB), ex-prefeito de Figueirão, cidade onde nasceu Baird.

Vereadores – Para quem tenta ser vereador, ou continuar sendo, o “Bill Gates Pantaneiro” escolheu 12 políticos para aplicar dinheiro na campanha.

São quatro em Campo Grande e os outros oito nas cidades do Norte já citadas.

Entre todos, o maior montante foi para Cida Amaral (PSDB), que tenta ser reeleita em Campo Grande. A campanha dela recebeu R$ 100 mil, 65,3% do total arrecadado, de R$ 153 mil até o momento.

Eduardo Romero (Rede), Epaminondas Vicente da Silva, o "Papy",  e Derly dos Reis Oliveira, o "Cazuza" (PP), também postulantes à renovação da vaga em Campo Grande, foram agraciados com R$ 50 mil.

Dos outros oito candidatos beneficiados com doações do empresário milionário, sete são de Coxim, entre eles a ex-prefeita da cidade, Dinalva Mourão, cuja doação foi de R$ 5 mil.

Acusações – Benemérito de tantos candidatos, Baird também foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) no escândalo de desvio no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), em 2011. O valor envolvido era de R$ 30 milhões em recursos do DPVAT.

Ele foi condenado a pena de um ano de reclusão, convertida em prestação de serviços. A fraude teria ocorrido entre os anos de 1999 e 2003.

Baird ainda é acusado de lavar R$ 8,5 milhões no Paraguai.  Segundo as investigações, o dinheiro foi enviado por meio de empresas fantasmas, doleiros clandestinos e depósitos em contas de moradores e empresas na fronteira. As revelações constam da 10ª denúncia na Operação Lama Asfáltica aceita pela Justiça Federal, em 2019.

A Polícia Federal também descobriu que a fazenda Carandá, que Baird tem no Paraguai, tem 32 mil hectares. A revelação teria sido feita por Romilton Rodrigues Oliveira (primo de Baird), preso na “Operação Computadores de Lama”, denominação da 6ª fase deflagrada no final de novembro de 2018.

Essas ações estão correndo na Justiça, parte delas em segredo. A defesa de Baird foi procurada, e optou por não se manifestar em relação aos processos.

Sobre as doações, foi feita a observação de que estão declaradas legalmente, são totalmente regulares.  A reportagem tentou, sem êxito, contato com o beneficiado com o maior valor, Cleverson Alves dos Santos.

Nascido em Figueirão/MS - um pequeno distrito na região de Camapuã/MS que virou cidade em 2005 - João Roberto Baird ganhou o apelido de “Bill Gates Pantaneiro” por uma razão: os dois, guardadas as devidas proporções, ficaram milionários por explorar atividades ligadas à informática.

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