Candidato, Moka quer ser voz dos municípios contra "injustiça"
Médico e professor, Waldemir Moka estreou na política em 1982 como puxador de votos
Médico e professor, Waldemir Moka (MDB), 70 anos, estreou na política em 1982 como puxador de votos da militância do movimento estudantil. Depois de ser um dos vereadores mais votados em Campo Grande naquela disputa, ele foi eleito deputado estadual, deputado federal e senador. Agora, Moka é candidato a deputado federal e quer levar para Brasília o debate sobre o que destaca ser uma injustiça: a distribuição de recursos para os municípios.
“Eu acho que os municípios são muito penalizados na distribuição dos recursos. Eu não me conformo com essa distribuição. O pessoal fala que sou municipalista, mas acho que você ser municipalista é melhorar a distribuição dos recursos para os municípios. O raciocínio é simples , as pessoas moram, trabalham e produzem nos municípios. Ficar 66% dos recursos com a União é muito injusto. A União não gera nada, não produz nada”, afirma o candidato.
Além da distribuição dos impostos, a Saúde é outra preocupação que Moka pretende levar para a Câmara Federal. Primeiro médico da família, abrindo as postas para uma geração de profissionais, ele destaca que, nos últimos dois anos, a pandemia resultou no represamento de casos de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, cardiopatias.
“As pessoas ficaram com medo de ir aos ambulatórios e hospitais. Nós precisamos, urgentemente, atualizar as cirurgias eletivas”, diz Moka.
O agronegócio também se projeta nas propostas dos candidatos a deputado federal. “Sou médico e professor, mas quando cheguei lá [em Brasília] eu entendi que era preciso defender a agricultura e pecuária. Hoje chamado de agronegócio. Até virei presidente da Comissão de Agricultura. A economia do nosso Estado depende do agronegócio. A industrialização de Mato Grosso do Sul está se dando através de agroindústria. Entendo que fortalecer o agronegócio é fortalecer a economia do nosso Estado. Por exemplo, em Dourados, se o agronegócio vai bem o comércio vai bem. Não sou produtor, mas eles me reconhecem como representante”, afirma Moka.
O candidato quer retomar projeto para indenização pela chamada terra nua quando houver demarcação de terra indígena. Atualmente, a União paga pelas benfeitorias, mas não pela área demarcada, que passa a ser automaticamente patrimônio do governo federal.
Defendo o agronegócio. Não tenho radicalismo, mas sou muito firme nas minhas posições. Abomino invasão de terra, levar criança, mulher. Acho um absurdo. Estava prestes a conseguir a indenização pela terra. A gente ia votar essa legislação, infelizmente não fui reeleito. Quero retomar essa discussão. Até acho que a hora que o governo tiver que pagar pela terra nua vai parar essa farra da demarcação. O Brasil tem uma dívida com a população indígena? Eu admito que sim. Agora, essa dívida é da sociedade brasileira, não é do produtor rural”, diz o candidato.
Com Brasília a mil quilômetros de Mato Grosso do Sul, o candidato lembra que passa pela Câmara Federal decisões que nos afetam diretamente, como projetos e as emendas parlamentares, responsáveis por alocar recursos para as cidades.
“Você vota questões importantes. Por exemplo, a questão de pauta de costumes. Sou tido como um conservador. Por quê? Pela minha idade, pela minha geração e porque sempre defendi pautas da estrutura familiar. Sou católico, dei aulas no Colégio Dom Bosco, tenho toda essa formação. Quando você vota, você vota com as suas convicções. O deputado participa de decisões que afetam o dia a dia das pessoas”.
Filiado desde 1978 ao MDB, Moka conta que teve a ficha abonada pelo ex-senador Ramez Tebet. Enquanto que o convite para estrear na política veio de Wilson Barbosa Martins, eleito governador em 1982, a primeira com voto direto desde os anos 60.
“Ele me convidou para puxar o voto do aluno, do jovem. Naquela época, ele tinha 65 anos. Em 1982, era considerado velho. O resultado é que fui o terceiro vereador mais votado, sem sair de sala de aula. O movimento estudantil era muito forte”.
Moka conta que foi professor de nomes que também se consagraram na política, como a senadora Simone Tebet (MDB), candidata à reeleição, o atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB), e o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa (PSDB). “É uma geração de ex-alunos”.