Chamada de Musa do Veneno, ministra diz que come sem medo de agrotóxico
Tereza Cristina diz que liberação de novos agrotóxicos é porque houve o surgimento dos genéricos
Com o apelido dado pelo oposição de "Musa do Veneno", a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, garante que não tem problemas em comer produtos que receberam agrotóxicos. Ela avalia as críticas como mais de uma questão “política”, do que uma avaliação técnica sobre o uso no Brasil.
“Não houve nenhuma mudança na legislação sobre o tema (agrotóxico), permanece a mesma de 30 anos atrás, o que houve foi a liberação de novos produtos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que agora foram registrados”, disse ela, em entrevista ao Campo Grande News.
No supermercado, Tereza afirma que compra os produtos comuns, sem se importar se são ou não orgânicos. “Não vejo problema algum, compro e como. Se trata de uma campanha errônea contra estes defensivos agrícolas, que tem cunho político e não técnico"
Ela ponderou que Anvisa passou anos sem dar um parecer sobre a permissão de uso de novos produtos (agrotóxicos) e que agora mudou a sistemática, para que tais itens sejam liberados para uso no campo. “Eles já existem no mercado, muitos são genéricos, porque caiu a patente, assim como ocorreu com os medicamentos”.
Estatística - A ministra ainda anunciou que vai divulgar em breve estatísticas comprovando que, com os novos produtos, o Brasil está diminuindo o uso dos agrotóxicos nas plantações. “Com os produtos antigos muitas vezes, pela ineficiência, tinha que passar duas ou três vezes para fazer efeito, agora com os novos (itens) se passa menos”, ponderou.
Já foram liberados até junho, 239 novos tipos de agrotóxicos, tendo outros 400 na fila para espera de avaliação da Anvisa. Esta “liberação” surge diante da chamada “quebra de patentes”, que abriu caminho para os chamados produtos “genéricos” voltados para produção agrícola. Este cenário tem gerado diversas reclamações de ambientalistas e campanha contra a liberação dos itens.
Sobre produtos orgânicos, a ministra diz que é uma área em expansão, mas que ainda não supri as demandas de mercado, assim como para exportação, que segundo ela, o Brasil faz para 190 países do mundo. “O que estamos instruindo os pequenos produtores é que façam uma produção mais saudável”, argumentou.
Pesquisa – O tema ganha repercussão no Estado, após divulgação do estudo com base em dados do Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade de Água para Consumo Humano), que mostrou a presença de 27 tipos de agrotóxicos na água distribuída para a população de Campo Grande.
A pesquisa divulgada pela Agência Pública, ainda apontou a presença de agrotóxico na água de 65 dos 79 municípios do Estado. Outra preocupação é entrada de produtos ilegais. Nestes seis meses, forças policiais apreenderam 11,5 toneladas de agrotóxicos contrabandeados em Mato Grosso do Sul.