De líder da união de favelas ao comando da Câmara, Carlão agora quer prefeitura
Presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão, admite concorrer a prefeito
Apesar de já ter afirmado que é pré-candidato à reeleição, o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão, diz estar preparado para ir mais mais longe. Colocou o nome à disposição para ser candidato à Prefeitura de Campo Grande.
“Já temos autorização do presidente nacional para ter a candidatura do PSB à prefeitura. Mas não adianta ser candidato sem apoio do grupo. Vou sair se tiver a viabilidade de recurso e estrutura. Senão, serei candidato à reeleição e no futuro disputo como deputado estadual”, afirmou.
Mesmo sabendo que pode ser uma disputa arriscada, com chances de deixá-lo fora de um cargo eletivo nos próximos anos, Carlão prometeu não se acovardar. Falou inclusive que aceitaria ser candidato a vice-prefeito.
“Podemos ser coligação, lá na frente vamos conversar. Temos que aparecer na pesquisa qualitativa e quantitativa. Se for para ser um bom vice, com certeza podemos conversar com o partido”, pontuou.
O desejo de alçar voos maiores está na ânsia do líder comunitário em trabalhar pelas pessoas. “Não sou bom para fazer redes sociais, mas sou bom para trabalhar. Hora que cansar, não puder mais ajudar, o eleitor vai me tirar do mandato. Ser reprovado nas urnas é um sinal de que não se fez um bom trabalho”, destacou Carlão.
Quem é Carlão? - Com quatro mandatos seguidos como vereador, o presidente municipal do PSB poderá sim atender aos anseios da sigla nacional. Hoje, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, está no partido e já é cotado como presidenciável em 2026. Para tanto, é necessário expandir o poder de suas bases eleitorais.
Além disso, Carlão possuiu uma trajetória política sólida pautada em luta de movimentos comunitários. Antes de ser vereador, era vendedor de livros como a Barsa, romances, enciclopédias, Bíblia, histórias de Allan Kardec, enciclopédias jurídicas, entre outros. Viajou o País, batendo de porta em porta para sobreviver desta forma.
Depois de conhecer a esposa, com quem é casado há 37 anos, ele se tornou líder comunitário. A decisão ocorreu após sentir na pele as dificuldades de morar embaixo de um barraco.
“Morei em um barraco de tábua. Na época, a gente dormia na cama de solteiro. Chovia e molhava tudo dentro. Foram dois anos assim até ganhar um terreno da prefeitura. Aí construí duas peças de tijolo, com telha de Eternit, e coloquei cerca de arame farpado”, revela.
Neste período, liderou o movimento social do corredor do bairro Nova Lima. Por isso, nunca deixou de usar o slogan “Comunitário Mesmo”. Ajudou ativamente o processo de desfavelização da Capital e foi o primeiro secretário fundiário do País, na época em que a cidade era comandada por Lúdio Coelho.
“Foi meu primeiro cargo público. Ele sempre me chamava para falar das favelas, saber sobre necessidades de obras e me atendia muito. Apesar de ser do agro, ele era muito comunitário, tanto que fez a primeira pasta do assunto no Brasil”, afirmou.
A gratidão a Lúdio e também ao ex-deputado federal Nelson Trad estão estampadas no gabinete do presidente da Câmara. As fotos dos dois têm um lugar especial na sala. “O Nelson foi a pessoa que me orientava na parte jurídica e política. Disponibilizou advogados quando precisava de auxílio para assuntos da favela. E também sempre me ouvia. Tenho gratidão eterna aos dois.”
Com apoio deles foi possível tirar várias reivindicações do papel. Carlão acompanhou todo o desenvolvimento do Nova Lima e Campo Verde, dos anos 80 até 2019. Até que os filhos cresceram, se formaram e decidiu ir para uma casa menor, no Coronel Antonino.
“Mas toda minha família continua no Nova Lima. E eu sigo na região do Segredo”, afirma. Antes de chegar ao primeiro mandato, Carlão ainda enfrentou um câncer de próstata. E mesmo concluindo as sessões de radioterapia em 2008, venceu a disputa com 8.473 votos. Foi o terceiro mais votado daquele ano.
No quarto mandato, assumiu a presidência da Mesa Diretora e foi reeleito para concluir a legislatura no comando do Legislativo. Mesmo assim, continua andando pela cidade, ouvindo as pessoas e reivindicando pessoalmente melhorias para a população.