De olho em um mandato, servidores se afastam para fazer campanha
Nos últimos dias, pelo menos 50 foram afastados pelo Executivo Estadual para disputar as eleições
Nos últimos dias, os Diários Oficiais trouxeram o afastamento de servidores públicos para a disputa por vagas nas eleições deste ano. A maioria, de olho em cadeiras nas Câmaras Municipais. O levantamento, feito com base nos atos publicados no Diário Oficial do Estado, aponta o afastamento de pelo menos cerca de 60 do serviço público estadual, o maior grupo da Segurança Pública.
De policiais militares foram 21 afastamentos e outros 9 bombeiros, a maioria praças. Até a subcomandante da PM, coronel Neidy Centurião, afastou-se do cargo em junho e foi escolhida vice do candidato tucano Beto Pereira, em coligação com o PL. O número ainda pode aumentar porque o prazo limite para inscrições de candidaturas na Justiça Eleitoral vence hoje e podem surgir afastamentos ainda não publicados. Além disso, integrantes da reserva também devem concorrer.
Outras quatro mulheres da PM concorrerão em 6 de outubro, três delas à Câmara da Capital. Além de Neidy, um militar concorre ao Executivo em Nioaque, a vice-prefeito. Somente no caso da PM é especificado o mandato a que o servidor se candidatou.
No interior, em Aquidauana, consta que três PMs concorrerão, um pelo Avante, um pelo Republicanos e outro pelo PT. Na Capital, além das três mulheres há ainda um cabo que se afastou para concorrer à Câmara pelo PSD. Também há candidatos em Dourados, Bataguassu, Ivinhema, Maracaju, Corumbá, Nioaque, Sete Quedas, Glória de Dourados e Alcinópolis.
No caso dos militares, a legislação determina que sejam agregados, ou seja, afastados das funções, para se dedicar à política.
Ainda na área da Segurança, foram afastados 11 policiais penais e três agentes patrimoniais. Categoria numerosa de servidores, a educação também terá membros na disputa, com a publicação de afastamento de sete candidatos no Diário Oficial. O número total no Estado, a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) não dispõe, mas sabe que 20 lideranças sindicais da entidade tentarão uma vaga no Legislativo, inclusive o presidente, Jaime Teixeira, que se afastou para concorrer a vereador na Capital, pelo PT.
Durante o afastamento, os servidores têm direito a seguir recebendo a remuneração. O calendário eleitoral prevê a antecedência no afastamento conforme a posição do servidor e o cargo que postula, podendo chegar a seis meses. No caso de militares, quem tem menos de 10 anos de corporação não pode ser agregado, precisa deixar o serviço público ou pedir licença. A legislação prevê condição especial para os militares se afastar, já que são impedidos de ter atuação política e filiação partidária. Para eles, o afastamento ocorre quando o nome é confirmado pela convenção, antes do pedido de registro da candidatura.
Abrir canais – Tanto a presidente da Fetems, professora Deumeires Morais, quanto o presidente da Associação e Centro Social da PM e Bombeiros, subtenente Fabrício de Carvalho Moura, consideram que a eleição de colegas para mandatos eletivos contribui para a valorização das profissões e suas demandas, facilitando a interlocução com autoridades públicas.
Moura considera que militares procuram o espaço da política em busca e representatividade para demandas da segurança, como questões sociais vivenciadas pelos policiais, a exemplo dos riscos no dia a dia, o stress. Ele analisa que o ideal seria os servidores terem concentrado esforços em torno de um nome, para torná-lo mais viável, ao comentar sobre as múltiplas candidaturas em Campo Grande e Aquidauana, que podem pulverizar os votos.
No caso dos professores candidatos, Deumeires entende que a bagagem profissional da educação pode ajudar a elaborar projetos e dar voz a outros grupos, como movimentos sociais, negros, mulheres e “todas as pessoas que precisam de uma voz nesses espaços de poder.” Especificamente para os profissionais, a eleição de um professor para o parlamento ajudaria a alcançar “espaços de poder, de disputa, de debate, de ideias, representados pelas pessoas que defendem as nossas pautas e as nossas bandeiras.”