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Política

Defesa na Coffee Break custa até R$ 1 milhão e mobiliza “exército” literário

Aline dos Santos | 27/07/2016 13:31
A 'justiça' exposta na porta do Fórum da Capital; no jogo estratégico dos juristas, muito dinheiro e filosofia envolvidos (Foto: Alcides Neto)
A 'justiça' exposta na porta do Fórum da Capital; no jogo estratégico dos juristas, muito dinheiro e filosofia envolvidos (Foto: Alcides Neto)

Além dos efeitos jurídicos e políticos, a denúncia da Operação Coffee Break mexe no bolso. Conforme apurado pela reportagem, os valores oscilam de R$ 150 mil a R$ 1 milhão para bancar os honorários advocatícios e se defender no processo que tramita no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Nesta quarta-feira (dia 27), seis advogados, que representam onze denunciados, apontaram fragilidades técnicas da denúncia do MPE (Ministério Público do Estado), que denuncia associação criminosa e corrupção na cassação do prefeito, Alcides Bernal (PP), realizada pela Câmara Municipal em 2014.

Nas críticas, também foi citado o excesso de adjetivo na denúncia de 365 páginas. O advogado Fábio Trad afirmou que fez a defesa conforme o Direito Penal.

“Não a enfeitamos com discurso de Cícero a Catilina. Nem adornamos com adjetivos desnecessários”, afirma. Ele atua na defesa do vereador Airton Saraiva (DEM).

Contudo, nas mais de 15 mil páginas do processo, além de defesas das acusações, reinam citações a escritores célebres. A denúncia foi aberta pelo Ministério Pùblico com menção a um discurso em que o cônsul romano Marco Túlio Cícero acusa Lúcio Sérgio Catilina no senado romano. O pano de fundo foi a tentativa de derrubar um governo republicano.

“Que há, pois, ó Catilina, que ainda agora possas esperar, se nem a noite com suas trevas pode manter ocultos os teus criminosos conluios, nem uma casa particular pode conter, com suas paredes, os segredos da tua conspiração, se tudo vem à luz do dia, se tudo irrompe em público?”, brada a frase de abertura da ação.

Já o advogado Rene Siufi cita o dramaturgo alemão Bertol Brecht. “Que tempos são estes em que temos que defender o óbvio”, diz a abertura da defesa do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Na defesa do vereador Edil Albuquerque, a defesa ataca com o autor romano Juvenal. “Quem guardará os guardas?”, questiona.

Na coletiva de hoje, a defesa alegou golpe, bombardeou a Coffee Break e cogita processar o Estado por dano moral. O Ministério Público vai se manifestar à tarde sobre a coletiva de imprensa dos advogados.

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