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Política

Delcídio fala sobre Aécio e reclama de dois pesos e duas medidas

Priscilla Peres | 26/06/2017 17:33
Delcídio foi cassado em maio de 2016. (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Delcídio foi cassado em maio de 2016. (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Um ano após ter o mandato de senador cassado e ficar inelegível por 11 anos, Delcídio do Amaral assiste do Mato Grosso do Sul o atual cenário político brasileiro. Com exclusividade ao Campo Grande News, ele compara seu caso ao do senador Aécio Neves (PSDB), afastado após a delação da JBS. E reclama do tratamento diferenciado. "Sem duvida nenhuma são dois pesos e duas medidas", afirma ao se referir as denúncias que pesam sob ambos e o tratamento dado pelo Senado Federal. Delcídio foi preso, afastado e cassado em seis meses, acusado de quebra de decoro parlamentar em novembro de 2015 quando uma gravação revelou um plano de fuga para o ex-dirigente da Petrobras, Nestor Cerveró.

"Eu fui notificado pelo Conselho de Ética uma semana depois. O caso dó Aécio é gravíssimo, há um processo com provas e nada é feito". Aécio foi afastado no último dia 18 de maio após a revelação de uma gravação feita pelos irmãos Batista, donos do JBS, em que pedia R$ 2 milhões para, supostamente, pagar sua defesa na Lava Jato.

Mas na última sexta-feira (23), o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB/MA) decidiu arquivar o pedido de cassação de Aécio alegando não ter achado elementos convincentes para processar o senador. No dia a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) afirmou que a decisão "debocha da sociedade" e "agride o Estado Democrático".

De longe - Dividindo a vida entre a casa em Campo Grande e a fazenda no Pantanal corumbaense, Delcídio conta que lê notícias "quando pode" já que é ruim o sinal de internet onde passa a maior parte do tempo, mas se mostra antenado ao mundo político ao comentar as notícias mais recentes.

Aparentemente tranquilo e cheio de frases de efeito, o ex-senador acredita que as últimas ações mostram "claramente que houve uma parcialidade absoluta nesse assunto dentro do Senado". "Existe uma frase que diz que jabuti em árvore ou é enchente ou é mão de gente. Essas coisa não acontecem impunemente, pode ter certeza que tem muita gente envolvida".

Cuidando dos "negócios" enquanto aguarda decisão da Justiça, Delcídio diz que "o futuro a Deus pertence" e que o caso do Aécio está muito atrelado ao presidente Michel Temer (PMDB), o que de certa forma beneficia o senador.

"Eu estou buscando Justiça, reconheci meus erros publicamente, não fiquei tapando o sol com a peneira. Mas é surpreendente, o meu caso é um conto de fadas, mas o do Aécio, com todo respeito, é gravíssimo", diz ressaltando que o colega deve ser investigado e tem que se defender.

Sem se alongar na conversa e evitando criticas diretas ao cenário atual e aos demais senadores, Delcídio diz que hoje vive como a música Argumento, de Paulinho da Viola. "Faça como um velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar".

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