Depois do "Fora Feliciano", entidade vai às ruas com o "Fora Elizeu Dionízio"
A Associação dos Travestis de Mato Grosso do Sul (ATMS) está organizando uma passeata para a próxima sexta-feira (12), em Campo Grande, contra políticos ligados a religiões evangélicas que tratam os membros da comunidade gay como desajustados ou doentes. O alvo principal seria o deputado federal Marcos Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, mas como ele adiou a vinda à Capital, para participar da “Marcha pela Família”, o protesto vai soltar gritos contra dois vereadores da Capital, Elizeu Dionízio (PSL) e Herculano Borges, que licenciou-se e atualmente é o secretário estadual da Juventude.
Presbítero da igreja Assembléia de Deus Missões, Elizeu Dionízio preside a Comissão Permanente de Cidadania e Direitos Humanos. Ele é filho da missionária Elizabeth Souza da Silva e do presidente da Assembleia de Deus Missões, pastor Antonio Dionizio da Silva, que também milita na política, tendo se filiado na semana passada ao PDT.
Já Herculano Borges (PSC) integra desde 2004 a igreja evangélica Nova Vida. Ao descrever sua própria trajetória política, Borges conta que em 2006 recebeu a “revelação” de que seria uma autoridade, teve um sonho no qual sua mãe dizia que ele seria vereador. Começou a acreditar, ter fé e em dois anos começou a se interessar na questão política. Em 2007 foi para Israel e ali Deus o orientou sobre a escolha do partido político e foi confirmado o PSC (Partido Social Cristão), tendo sido eleito vereador no ano seguinte. Ele se considera representante das igrejas evangélicas de Campo Grande na política.
Nesta terça-feira, as entidades que participaram da manifestação vão se reunir para definir o trajeto da passeata. A intenção inicial é fazer concentração na Praça Ary Coelho, a partir das 14 horas, e fazer passeata até a Câmara de Campo Grande, onde Elizeu Dionízio exerce a função de presidente da Comissão de Direitos Humanos, congênere da presidida na Câmara Federal pelo deputado Marcos Faliciano, polêmico por propostas como a “cura gay”.
O foco da ação, à qual denominaram de “Parada da Cidadania contra Feliciano”, é pela dignidade humana, em favor da laicidade do Estado e da diversidade. As bandeiras de revindicações citadas pelos integrantes do movimento são pedidos de “fora” para deputado federal Marcos Feliciano da CDHM, do vereador Elizeu Dionizio da CDH da Câmara Municipal e do secretário Herculano Borges (Juventude), além do fim de cultos religiosos na Câmara e do que chamam de “perseguições fundamentalistas” do promotor de Justiça Sergio Harfouche.
Outras reivindicações que serão gritadas pelas ruas são a rejeição da PEC/99, aprovação do Projeto de Lei Complementar 122, que criminaliza a homo/transfobia e que o governador André Puccinelli implemente todas ações que foram pauta de reivindicação entregue a ele no oficio da ATMS no ano de 2010 (Decreto do nome social das Travestis e Transexuais; articulação com os aliados para aprovação da utilidade pública da ATMS na Câmara de Vereadores; criação da Coordenadoria de Políticas Pública LGBT do Estado, criação da Casa Abrigo para LGBTs que precisam de acolhimento; espaço para funcionamento das ONGs de Direitos Humanos; mais apoio logístico e financeiro para as nossas atividades incluindo a Parada da Cidadania, implantação do Plano LGBT do Estado em sua integralidade).
O outro lado – O vereador Elizeu Dionízio afirmou que a passeata que está sendo organizada pela ATMS, presidida por Cris Steffanni, é fruto de represália contra sua atuação oposicionista contra o prefeito Alcides Bernal. “A Cris é filiada ao PPS, que integra a administração do prefeito Alcides Bernal”, argumentou ele.
Elizeu Dionízio até concorda com o posicionamento político do deputado Marcos Feliciano, especialmente no que trata do apoio à família tradicional, fruto do vínculo de homem e mulher, mas considera que não há motivo para a ATMS fazer movimento de protesto de “Fora vereador Elizeu Dionízio”, visto que nunca defendeu nenhuma posição que pudesse prejudicar os travestis ou gays no Estado.