Deputados dizem que JBS só quer pressionar, mas admitem costurar acordo
A decisão de paralisar as atividades em Mato Grosso do Sul, anunciada ontem à tarde pela JBS, sob a alegação de "insegurança jurídica" depois do bloqueio de R$ 730 milhões por determinação da Justiça, na semana passada, a pedido da CPI que investiga irregularidades tributárias e fiscais no Estado, virou tema de debates na sessão da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira, 17.
Se a decisão se confirmar, os 15 mil funcionários das sete unidades frigoríficas da empresa em Mato Grosso do Sul serão os grandes prejudicados, e por conta disso a Assembléia já se mobiliza no sentido de buscar um entendimento com a JBS. Tanto que o presidente da Casa, o deputado Junior Mochi, anunciou que irá pedir ao juiz Alexandre Nunes da Silva, o mesmo que concedeu a liminar bloqueando os bens da empresa, para intermediar um acordo no sentido de que a JBS não paralise suas atividades no Estado.
Para os parlamentares ouvidos pelo Campo Grande News, a JBS está fazendo pressão sobre a CPI e a justiça. “Em Mato Grosso do Sul não há insegurança jurídica, como alegam, e não acredito em demissões e paralisação das atividades. Essa decisão da JBS é uma forma de nos pressionar”, afirmou o deputado Paulo Correa (PR), presidente da CPI da JBS.
Segundo o deputado Pedro Kemp (PT), a direção da JBS já se mostrou disposta a dialogar e até discutir o valor do ressarcimento ao Estado por eventual não cumprimento de investimentos previstos em contrato, como contrapartida de incentivos fiscais recebidos.
“Fizemos um contato por telefone, ontem, com a direção da JBS, em São Paulo, e não percebi a intenção no sentido de fechar as unidades da empresa em Mato Grosso do Sul. Também acho que esse anúncio é só para pressionar e tentar um recuo da CPI no bloquei de bens da empresa”, comentou Pedro Kemp.
Já o deputado Paulo Siuff (PMDB) disse que ficou perplexo com a decisão da JBS sobre fechamento de unidades no Estado. “A empresa confessou o não cumprimento das suas obrigações de investimentos em Mato Grosso do Sul, e o bloqueio de bens é por conta disso. A própria delação premiada dos executivos da JBS na operação Lava Jato está xeque. Portanto, se realmente fecharem as unidades no Estado a justiça terá que agir”, declarou o parlamentar.