ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  21    CAMPO GRANDE 26º

Política

Derrotados nas urnas, ex-candidatos podem ganhar cargos federais em MS

Partidos iniciam as articulações para cerca de 40 cargos, de 1º ao 3º escalão, em órgãos federais

Silvia Frias | 10/03/2023 11:50
Giselle Marques, Thiago Botelho, Rose Modesto e Humberto Amaducci, nomes que concorreram nas eleições em 2022 e podem ser indicados a cargos federais. (Foto/Reprodução)
Giselle Marques, Thiago Botelho, Rose Modesto e Humberto Amaducci, nomes que concorreram nas eleições em 2022 e podem ser indicados a cargos federais. (Foto/Reprodução)

Passadas as nomeações no topo da hierarquia ministerial, o governo Lula e partidos da base aliada, alinhados e Centrão iniciaram as negociações por cargos federais nos estados. Em Mato Grosso do Sul são cerca de 40 postos, de 1º ao 3º escalão, que incluem chefias cobiçadas e devem contemplar nomes técnicos, políticos e agraciar até derrotados nas eleições.

O deputado federal Vander Loubet (PT), coordenador da bancada federal de MS, está encabeçando a discussão, segundo ele, ainda em fase inicial. Na lista de espera, além dos partidos de apoio do governo, estão os aliados que chegaram a partir do 2º turno e os que “podem contribuir na base do governo”.

O governo Lula está composto por nove partidos, que encabeçam 25 dos 37 ministérios. Outros 11 ministros não tem filiação ou vinculação partidária. No Ministério da Integração Nacional, Waldez Góes se licenciou do PDT e não se filiou no União, conforme havia sido previsto.

O PT lidera o “ranking” com dez nomes; MDB, PSB, PSD detêm três ministérios cada; União Brasil assumiu duas pastas; PDT, Psol, PCdoB e Rede ficaram com um ministro para cada sigla.

A distribuição de cargos passa pela composição ministerial e, embora diga que todos estão no mesmo nível de importância, Loubet reconhece que há atenção especial para alguns cargos. “São funções que o PT preza”, diz o parlamentar.

Entre eles, o deputado cita a superintendência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em MS, vinculado ao Ministério dos Transportes, pasta que foi destinada ao MDB. “É órgão que precisa estar bem alinhado ao governo”, comentou o parlamentar. Apesar de a discussão passar pelo interesse partidário, destaca que a escolha será primordialmente técnica, sem citar nomes.

Também fazem parte dessa lista a superintendência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva (Rede-AC) e a chefia da SFA-MS (Superintendência Federal de Agricultura), unidade descentralizada e subordinada pela Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura e Pecuária, pasta sob a égide do PSD.

Outra indicação que também está entre as prioridades é a chefia do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Neste caso, a discussão fica em casa, já que a pasta é comandada pelo petista Paulo Teixeira.

Do total de 40 cargos, pelo menos 10 são de chefia de autarquias e outros órgãos. Depois que foram indicados, vem a etapa principal. “Serão encaminhados e vão passar pelo pente-fino da Casa Civil para depois serem liberados para publicação”.

Derrotados – O deputado federal não quis detalhar os indicados e se limitou a citar alguns nomes do PT de MS já ventilados, como a advogada Giselle Marques, candidata derrotada ao governo do Estado nas últimas eleições e o professor Thiago Botelho, que concorreu vaga ao Senado, mas perdeu para a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP). Também foi citado Humberto Amaducci, filiado ao PT, e que não conseguiu se eleger deputado estadual no último pleito.

A reportagem apurou, ainda, outra candidata derrotada das últimas eleições que pode ocupar cargo federal: a ex-vice-governadora de Mato Grosso do Sul, Rose Modesto (União Brasil). O partido ficou com os ministérios do Turismo e das Comunicações, mas Rose estaria sendo cotada para assumir a Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

Ao Campo Grande News, Rose Modesto confirmou que recebeu convite via União Brasil e por colegas da bancada federal, mas não quis especificar para qual função. “Atuar em alguma área que venha contribuir com o Brasil e, principalmente, para o Mato Grosso do Sul, é importante, mas ainda vou decidir”, limitou-se a dizer.

Discussão – A reportagem entrou em contato com liderança dos partidos que compõem o ministério do governo Lula.

A presidente estadual do PCdoB em MS, Iara Gutierrez Cuellar, disse que a negociação passa pela tríade formada pela Federação (PT/PCdoB/PV) e que ainda está em fase inicial. Mas já cita articulações para cargos na Ebserh, responsável pelo Hospital Universitário, DRT-MS (Delegacia Regional do Trabalho), Ministério da Pesca e a superintendência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), já com indicação para que fique sob a tutela de Murilo Pina Bluma (PV), nome chancelado pela Federação.

O presidente regional do MDB em MS, deputado estadual Junior Mochi, também disse que a discussão ainda é embrionária, mas citou uma visita de cortesia feita na semana passada no Ministério dos Transportes em que foi discutida relicitação da BR-163, mas que a legenda estadual se colocou à disposição da pasta.

Mochi avaliou que é natural que os cargos sejam ocupados pelos partidos ligados aos ministérios, citando o Dnit, mas reconheceu o interesse especial do PT pelo departamento. “Temos alguns nomes, mas não consultamos, está tudo muito lento ainda”.

No PSD, ainda está em discussão quem será o responsável para articular a disposição dos cargos federais em MS: o senador Nelsinho Trad, presidente regional da legenda, ou Fábio Trad, que assumiu cargo de controlador-auditor da Embratur.

A presidente regional do Psol, Márgila Leal, explicou que o partido decidiu, em dezembro, não fazer parte da composição governamental, para manter a independência crítica. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foi liberada pela legenda por não ter cargo na direção.

Na Rede estadual, o vereador André Luiz Fonseca explicou que a legenda tem como prioridade discutir, agora, a reestruturação do partido, com eleição prevista para este mês. “Só depois vamos discutir isso”, afirmou.

A reportagem não conseguiu contato com as lideranças do PSB e do PDT em MS.

Nos siga no Google Notícias