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Política

Do Agro para a Cultura, nomeação de Mara Bethânia é criticada por artistas

Categoria que defende políticas públicas ao setor diz que não foi ouvida e critica passado de nova secretária

Jéssica Benitez | 18/01/2023 17:57
Mara Bethânia no gabinete, após ser nomeada nesta terça-feira (Foto Assessoria)
Mara Bethânia no gabinete, após ser nomeada nesta terça-feira (Foto Assessoria)

Nomeação da administradora Mara Bethânia Gugel como secretária de Cultura e Turismo de Campo Grande pegou de surpresa nomes que atuam na área há anos na Capital. Especializada em números e trazida da Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio), a ausência de experiência no campo cultural provocou estranheza, desânimo e até a prefeita Adriane Lopes (Patriota) foi criticada por "falta de tato" na hora da escolha.

Diretor teatral e idealizador dos projetos Maracangalha e Cia Teatro do Mundo, Fernando Lopes avalia que a recém-nomeada na Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) não tem as condições necessárias para ocupar pasta de tamanha importância.

“Estamos quase num caminho contrário ao que a gente está vendo avançar no cenário nacional. A despeito das cidades, do Governo Federal, estamos andando para trás colocando uma pessoa que não tem de fato as condições, nem o apoio da classe”, disse ao Campo Grande News.

Ele completa destacando que o antigo secretário, Max Freitas, exonerado no início do mês para assumir a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul na gestão do governador Eduardo Riedel (PSDB), tinha um ótimo trabalho à frente da pasta.

“Então colocar a Mara agora, quer dizer que a prefeita, ou a pessoa que a nomeou, não está se comunicando com a realidade, com a classe e, enfim, está colocando alguém ali só para ocupar uma pasta, como cargo político que é basicamente o que a Mara tem feito nos outros cargos, tendo até acusação de ser funcionária fantasma”, observou.

A atriz e participando do Teatral Grupo de Risco, Fernanda Kunzler conta que desde a semana passada a classe tenta conversar com o Executivo sobre o comando da Sectur, já que a ausência de um secretário estava travando questões burocráticas da área. A expectativa era de que a adjunta, Clarice Nantes, conhecedora das demandas da categoria, fosse nomeada ao cargo.

“Não entendemos até agora o que houve. De repente, e mais uma vez, a gestão pública nos surpreende! Questionamos: qual a relação da nomeada com a política cultural da Capital?”, disse também citando que a “última notícia que tivemos da mesma é um suposto cargo fantasma, de acordo com matérias que saíram em veículos da mídia em 2017/2018”.

Portanto, conforme a atriz, a nomeação é considerada vertical e sem diálogo com a classe trabalhadora do setor cultural. “E espero que não voltemos à estaca zero! Pois sempre que mudam a gestão pública a primeira fala de novos/as nomeados/as é que vão começar um trabalho assim e assado! Queremos continuidade do que já estava encaminhado e efetivação do que não estava”, desabafou.

Ator, palhaço e produtor cultural, Anderson Lima complementa a fala dos colegas. Para ele, o desconhecimento da figura de Mara dentre a classe “causa ruído, pois há assuntos que são muito específicos que envolvem os projetos e que, às vezes, precisam de entendimento e conhecimento de área. A gestão não ter estes conhecimentos se afasta do conceito. E arte e cultura é conceito. É mais importante para nós um avanço no conceito que na administração”, finalizou.

Além de não ter trânsito nenhum no meio, artistas apontam que Mara carrega no currículo denúncia de ter sido funcionária fantasma, caso investigado em 2018 pelo MP-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), após ser fotografada em lugares como salão de beleza e academia durante horário de expediente.

À época, ela chegou a ser exonerada da Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais, mas um mês depois voltou ao ser nomeada como secretária-adjunta na Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e de Ciência e Tecnologia).

Outro lado – No fim da tarde desta quarta-feira (18), um dia após a nomeação, a prefeita Adriane Lopes argumentou que Mara Bethânia foi escolhida porque estava disposta e negou que não tenha ouvido a categoria.

“Ela é técnica, estava disposta ao novo desafio, já fazia parte da gestão desde 2017/2018, acredito que ela vá fazer um bom trabalho ali em parceira com a secretária-adjunta que permanece. A cultura pedia permanência da adjunta e ela vai permanecer, respeitando também este posicionamento”.

A reportagem tentou contato com a nova secretária para saber seu posicionamento diante da repercussão de sua nomeação no meio artístico, mas não obteve resposta. (Colaborou Cleber Gellio)

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