Em debate, candidatos concentram propostas em educação, saúde e social
De “caruncho em feijão” à “polícia indígena”: candidatos fizeram acusações e se defenderam com propostas
Um vai e vem de provocações e promessas para a área de assistência social, educação e saúde dominou o debate entre candidatos a governador, promovido na manhã desta segunda-feira (26) pelo SBT e Top Mídia News, no auditório da faculdade Insted, na Capital. A questão de direitos básicos e demarcação de terras indígenas ganhou destaque nos blocos iniciais, depois de o candidato Magno Souza (PCO) discutir com André Puccinelli (MDB) nos bastidores, momentos antes do início do debate.
As propostas ficaram focadas, na maior parte do tempo, na população de baixa renda. Nos blocos finais, emergiram os temas educação, saúde e tributação, mas o debate não engatou em discussões aprofundadas sobre economia.
Neste quarto debate promovido nestas eleições, mais uma vez os candidatos de esquerda aproveitaram o tempo para pedir votos para o candidato ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Em contrapartida, Eduardo Riedel (PSDB) e Renan Contar (PRTB) fizeram questão de manifestar apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Eduardo Riedel (PSDB) destacou sua experiência na iniciativa privada no setor do agronegócio e à frente de secretarias de governo. “Sou ficha limpa, sem processo”, destacou antes de tudo. Enfatizou que os governantes têm que trabalhar para entregar resultados às pessoas ao invés de entrar em embates políticos.
Na temática indígena, o candidato assegurou que preza pelos direitos à boa alimentação, infraestrutura, água e muitos outros das comunidades tradicionais.
“Vamos permitir um novo formato de cidadania com um programa de transferência de renda: o Cesta Cidadania. Já é assim no Mais Social, que hoje é R$ 300 e vamos passar para R$ 450, e assim no pagamento da conta de energia de 152 mil famílias e vamos ampliar a faixa de consumo, incluindo mais 20 mil famílias. Propus o passe vero para quem está incluído em programas sociais”, disse Riedel.
Adônis Marcos (Psol) fez pequenas provocações ao longo das falas. “Que o criador nos abençoe para termos bom debate, apesar que muito cara de pau que fez coisa errada no passado e agora faz cara de santo”, disparou de início. Além disso, disse que vai atuar para buscar assentar 15 mil famílias em quatro anos, respeitando a propriedade privada.
“A nossa tecnologia, investimento precisa ser em todas as áreas. Não é possível evoluirmos sem investir em pesquisa. Vai começar pela nossa bancada nas universidades. Hoje, nosso Estado está atrasado”, destacou Adonis.
Renan Contar (PRTB) de começo declarou seu apoio à reeleição do presidente Bolsonaro e lembrou que foi o deputado mais votado da história de MS para deputado estadual, em 2018. O candidato manifestou-se contra o aborto e se comprometeu a aumentar o número de escolas cívico-militares e escolas infantis de tempo integral.
“Como governador quero ser esse líder que irá formar um secretariado em educação composto por homens, mulheres, professores, todos voltados para a educação, para proteger o ambiente escolar, atendendo assim alunos, pais professores e toda programação da educação”, disse Contar.
Gisele Marques (PT) entrou no debate pedindo voto para o Lula e argumentando que o candidato vai colocar comida na mesa da população. A candidata disse que vai fomentar linhas de crédito para agricultura familiar e criar políticas de inclusão dos povos indígenas. A todo momento recorreu a feitos das gestões do PT no Brasil e em Mato Grosso do Sul para alicerçar seus argumentos.
“O Minha Casa, Minha Vida possibilitava o financiamento com uma taxa simbólica ao mês. Atualmente, as famílias de baixa renda estão sem condições de ter acesso a um lar. O meu compromisso com você que nos assiste é entregar na sua mão a chave da sua casa própria, porque nós do PT fazemos isso. Contratamos 4,2 milhões em residências. Você já conhece o que o Lula faz, vote Lula”, disse Giselle.
Magno Souza (PCO) conseguiu, de fato, chamar a atenção para as questões dos povos indígenas em MS. Iniciou a fala na língua guarani e prosseguiu em português, denunciando a situação dos indígenas. Além disso, o candidato prometeu o fim do vestibular em universidades e investimento massivo em educação, em especial aos professores, aos quais a promessa é de piso salarial de R$ 8 mil.
“Qual é a proposta para o trabalhador escravizado? [...]. Quero armar a população para que se defendam da Polícia Militar. É vergonha ao governo ao invés de ajudar, mandar tropa de Choque contra indígenas”, disparou Magno.
Rose Modesto (União Brasil) lembrou que faz 20 anos que uma mulher não é candidata ao governo de MS e falou que todas têm capacidade, inteligência e competência para cuidar de pessoas. A candidata se comprometeu a cancelar licitações desnecessárias e fazer investimento de R$ 2 bilhões em projetos sociais, criar o restaurante popular para oferecer refeição a R$ 2 e montar um Centro de Especialidades em Saúde Mental, além de investimentos na educação para crianças com deficiências e síndromes.
“Não tem nada mais urgente do que tirar as pessoas de baixo da lona [...]. Vamos criar o Saúde 24h com mutirões e telemedicina. Aí mesmo na sua cidadezinha você vai consultar com um especialista da Capital e vamos atuar com o que já existe antes de começar novas obras”, prometeu Rose.
Marquinhos Trad (PSD) destacou que pretende fazer um governo mais justo e lembrou das cestas alimentares distribuídas à rede municipal de ensino. O candidato falou em multiplicar empregos e dobrar o valor do Mais Social, programa do governo estadual. Marquinhos também prometeu criar uma polícia militar indígena, além de destacar investimentos na saúde na Capital.
“Campo Grande teve a menor taxa de mortalidade durante a pandemia. Saímos de 116 leitos para 355 leitos de UTI. Adquirimos mais de 50 leitos neonatal e saímos de 89 equipes de Saúde da Família para 179. Em Campo Grande fizemos o maior concurso público”, discursou Marquinhos.
André Puccinelli (MDB) lembrou seu currículo, em que foi prefeito e governador duas vezes na Capital e em MS. O candidato fez perguntas e respostas recheadas de dados sobre investimentos em infraestrutura de quando foi governador. Ele rebateu a acusação de Marquinhos sobre cestas básicas entregues com caruncho na sua gestão. "Eu que denunciei que a Funai fez isso. Mentira não pega”, respondeu, referindo-se a Fundação Nacional do Índio.
“Queremos trazer o futuro ao presente, com mais casas, estradas e ação social. Nos meus governos, priorizei 1,6 mil casas e 14 escolas em escolas indígenas. Vamos abrir as escolas às comunidades aos finais de semana e premiar estudantes mais aplicados. Vamos trabalhar para uma educação de qualidade para que o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) volte a apresentar índices melhores”, disse Puccinelli.