Esperando um eleitor mais consciente, políticos listam o "essencial" para 2018
Temas como ética, verdade, experiência e proatividade são citados por lideranças de MS como aspectos que o eleitorado levará em consideração na hora de votar
Denúncias sobre desvios de verbas, operações para dar andamento a inquéritos, guerras de liminares, prisões e habeas corpus. O que poderia ser o resumo de um noticiário policial, mais uma vez, rodeou integrantes da classe política brasileira em 2017. Fatos que ajudaram a escancarar a indignação de setores da sociedade e a descrença nos representantes do povo, e que prometem ser obstáculos a serem superados para quem deseja se apresentar perante o eleitorado de olho em um mandato a partir de 2019.
Agentes políticos ouvidos pelo Campo Grande News apontaram, em maioria, que a aposta dos políticos precisa ser voltada a velhos conceitos, nem sempre seguidos. Integridade, falar a verdade, ética e coerência são alguns dos expediente que, para eles, devem ser adotados não apenas no período da campanha, mas no cotidiano.
“Integridade não se vende, se conquista. E os candidatos não vêm com uma tarja na testa dizendo se são honestos ou não, até porque, se fosse obrigatório, todos colocariam”, afirmou o prefeito Marquinhos Trad, liderança do PSD estadual e que, embora afirme não ser candidato, deve ter participação nos debates. Para ele, com a difusão de informações, o eleitor se tornou mais consciente sobre quem almeja mandatos.
Realismo – “O eleitor sabe, na maioria das vezes, a conduta de cada um que postula um cargo público. Histórico, escândalos, denúncias, os nomes das pessoas que o rodeiam no seu grupo. E eu acredito que o eleitor vai saber diferenciar cada um deles, que denúncias são falsas e que fatos são usados para denegrir a imagem das pessoas”, ponderou Marquinhos. “O eleitor terá mais cuidado e uma probabilidade maior de acertar do que de errar na próxima eleição”.
João Rocha (PSDB), vereador e presidente da Câmara, concorda. “O eleitor está mais maduro e equilibrado, sem radicalismos ou extremismos”, afirmou. “O falso puritanismo não cabe mais, porque a população está mais realista e menos iludida”.
Ainda segundo o parlamentar tucano, quem tiver uma postura mais proativa sairá em vantagem. “Para se pedir e conquistar o voto da população neste cenário é importante que o agente político tenha coerência e ética, que não apenas fala e promete, mas faz”. Para Rocha, o eleitor “não está mais apegado aos grandes discursos, e sim ações concretas que forem feitas, se chegaram os serviços públicos na sua porta. É falar menos e agir mais, mostrar transparência e coerência”.
No olho do furacão em 2017, André Puccinelli, presidente regional do PMDB, aposta na verdade ao se colocar na frente do eleitor. “A melhor forma de conseguir a confiança é falando a verdade sobre os questionamentos que forem feitos durante a campanha. Mostrando que muitas denúncias feitas sobre mim, por exemplo, tratam-se de peerseguição política”, emendou, lembrando das denúncias que surgiram contra si na Operação Lama Asfáltica.
Confiante nessa tese, Puccinelli reforça ainda a tese de que a folha de serviços também será pesada pelo eleitorado. “Entendo que não vai existir tanta dificuldade para conversar com os eleitores. Até porque muitos conhecem o trabalho que fizemos”. O emedebista aponta ser vital motivar o eleitorado, pois “o desânimo da população com a política é muito ruim para a democracia”.
Comunicação e conjunção – Ao contrário das demais lideranças, o deputado federal e presidente regional do PT, Zeca do PT, não vê os eleitores desanimados ou descrentes em relação aos políticos. “Apenas alguns setores manifestam essa situação, não passam de 10% a 15%”, ponderou. “Tenho andado bastante pelas cidades e, ao contrário, todos estão muito motivados para as eleições de 2018”.
Zeca também ataca a postura de críticas sobre os representantes eleitos. “Criticar e dizer que todos os políticos não prestam é uma grande besteira”, salientou.
O petista aposta que a capacidade de comunicação com o eleitorado será determinante em uma campanha que promete ser diferenciada –com blindagens legais que prometem impedir o despejo de dinheiro em projetos eleitorais. “Teremos uma campanha atípica, pois não haverá financiamento empresarial. Assim, vai ficar na frente quem tiver mais capacidade de se comunicar com o povo para ter sucesso”.
Apostar em apenas um aspecto, porém, pode ser um erro. Marquinhos salienta que o eleitor buscará um conjunto de atributos na hora de escolher seu candidato.
“A capacidade administrativa é muito importante, mas sem ingredientes de boa conduta e ética não funciona. É a soma desses dois fatores. A competência e preparo, a técnica, a maneira de lidar com a equipe”, explicou o prefeito, finalizando com um comparativo. “O que é mais importante para um pássaro: sua asa direita ou esquerda? Se uma delas faltar ele não voa. Precisa das duas”.