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Política

Gaeco investiga diálogo de deputados sobre fraude em folha de ponto

Coordenadora do grupo colocou em sigilo e disse que só falará no fim das apurações

Mayara Bueno | 01/11/2016 09:00
Assembleia Legislativa de MS. (Foto: Arquivo)
Assembleia Legislativa de MS. (Foto: Arquivo)

Está nas mãos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) o caso envolvendo o diálogo entre os deputados estaduais Paulo Corrêa (PR) e Felipe Orro (PSDB). A conversa mostra Corrêa dando dicas a Orro de como fraudar folha de ponto dos servidores da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

A investigação, no entanto, está sob sigilo, conforme o MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), instituição a qual o Gaeco é subordinado. Não há prazo para conclusão dos trabalhos e o Ministério Público não soube informar se o caso chegou antes da repercussão da conversa ou depois.

A reportagem tentou contato com a coordenadora do Gaeco, a promotora Cristiane Mourão, que falou que se pronunciaria somente por sua assessoria de comunicação. Ainda de acordo com o Ministério Público, é praxe do grupo de atuação manter investigações como essa sob sigilo e se que se posicionará somente no fim das apurações.

Nesta terça-feira (01), a expectativa é que o deputado Paulo Corrêa use a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para se explicar.

Ao Campo Grande News, no sábado (30), Felipe Orro disse que a gravação foi feita há um ano e meio e que na ocasião, cumpria uma agenda em Maracaju. Ele nega que o diálogo fosse sobre fraude e que Corrêa apenas sugeriu o ponto eletrônico. Orro diz que nem quis saber o motivo da orientação e que não adotou o ponto. “Mas ele não estava me ensinando a fraudar”, diz.

O deputado afirma que por ser terceiro secretário, portanto componente da mesa diretora, tem direito a mais funcionários. A reportagem questionou o número de pessoas que emprega em seu gabinete, o deputado não soube responder de imediato, mas que poderia fazer levantamento.

Relembre - O parlamentar do PR abre a conversa pedindo que Orro preste atenção e se certifica de que ele está sozinho. Em seguida, Paulo Corrêa cita matéria da Rede Globo sobre o Poder Legislativo. No caso, uma reportagem do Fantástico na Assembleia do Rio Grande do Sul, um indicativo de que a conversa data de junho de 2015, quando a matéria foi veiculada pela emissora.

“A rede Globo está entrando nas Assembleias Legislativas do Brasil inteiro, onde que ela pega você? Você e eu temos bastante, certo! Você sabe o que nós temos mais do que os outros, não sabe? Põe um controle de ponto, mesmo que seja fictício, do começo do ano até agora. Pega o seu chefe de gabinete e manda agir, deixa lá até do dia anterior. Todo dia aquelas pessoas têm que assinar o ponto até que passa esse rolo aí”, afirma Côrrea. Antes da orientação, ele repreende o deputado do PSDB, que disse não saber da reportagem.

Na sequência, Orro pergunta sobre quem está na base, numa alusão a Aquidauana, onde tem funcionários. Em seguida, Côrrea critica o deputado Zé Teixeira (DEM). Ele dispara xingamentos e afirma que o parlamentar do DEM fala mais do que a boca.

Depois, Corrêa retoma o ponto principal da conversa e diz que Orro precisa providenciar registro de ponto e fazer todos assinar. “Se tem mais gente, faz os 40 assinar. Faz uma folha dos 20 normais e os outros que você tem. Assina o ponto, deixa sempre do dia anterior assinado”, reforça Côrrea.

O deputado do PR prossegue com a afirmação de que ele e Orro têm o mesmo problema. “Eu só falei isso pra você, por favor não repita para ninguém. Estou sugerindo porque gosto de você”, diz. Orro finaliza: “pode deixar, um abraço”.

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