Lentidão da CCR nas obras na BR-163 é questionamento de audiência
Parlamentares e prefeitos contestam demora da concessionária em realizar duplicação de trechos ao longo dos 845 quilômetros da rodovia federal
Realizada na manhã desta sexta-feira (16) na Assembleia Legislativa, a audiência pública que visa a tratar das obras que a CCR MSVias realiza na BR-163 tem entre os principais questionamentos a serem respondidos o motivo da demora na duplicação da pista que corta Mato Grosso do Sul de norte a sul. Representantes da concessionária, de prefeitos dos 21 municípios pelos quais a rodovia federal passa e deputados estaduais vão debater, também, se a CCR vem cumprindo à risca o contrato de operação, iniciada em abril de 2014.
Dos 845 quilômetros da via, cerca de 140 quilômetros haviam sido duplicados até setembro de 2017. A empresa começou a operar suas nove praças de pedágio depois de instalar a segunda pista em 10% do trajeto.
A CCR é representada no evento pelo seu diretor-presidente, o engenheiro Roberto Calixto. Já a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres, que regula as concessões rodoferroviárias no país) enviou ao evento o gerente de Fiscalização e Controle Operacional de Rodovias, Anderson Santos Bellas.
O senador Waldemir Moka (MDB) afirma que o contrato de concessão estabelece uma série de critérios a serem seguidos, porém, precisa considerar a deterioração da economia brasileira desde sua assinatura. “Na época que foi assinado, a economia do país era uma. Hoje ela é bem diferente. Mas deve haver regras a serem cumpridas”, afirmou, ressaltando entre elas o fato de não ser admissível “que a obra avance devagar”.
Moka lembrou que a CCR recorreu em 2017 ao Palácio do Planalto pedindo a renegociação do contrato, apontando, por exemplo, arrecadação abaixo da prevista com os pedágios instalados ao longo da BR-163. Por esse motivo, espera que a audiência permita que a CCR e a ANTT “juntas fechem uma solução”.
Queixas – Presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi (MDB) pretende obter da CCR a confirmação de que os recursos arrecadados com os pedágios são reinvestidos na rodovia e se o cronograma das obras para duplicação da BR-163 está sendo seguido. Ele também criticou a lentidão com a qual as frentes de duplicação trabalham.
“Entendo que a obra não parou, mas está muito lenta. Queremos uma posição da empresa para saber quando vai terminar a duplicação, quanto já foi feito e, principalmente, se as obras estão dentro do cronograma ou atrasadas” disse Mochi. “Se estão atrasadas, queremos saber o motivo: se falta recurso ou licenças ambientais expedidas”.
Também preocupa o parlamentar as obras para acesso aos municípios. Por cortar a área urbana de diversas cidades, a BR-163 se transformou também em uma espécie de corredor comercial para os motoristas. “Em muitos municípios reclamam sobre o acesso à rodovia, pois as obras podem prejudicar o comércio, rede hoteleira. Queremos saber também como funcionarão os acessos de forma a não atingir a economia local”.
Prefeito de Rio Verde –a 207 km de Campo Grande–, Mário Kruger (PSC) também preside o Cointa (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari), no qual a maioria dos municípios é impactada pela BR-163. Ao mesmo tempo em que ele disse agradecer a CCR pelas obras de duplicação e manutenção realizadas até aqui –“que são de qualidade”, destacou–, Kruger reforça queixas quanto a demora nas obras.
“Nossa reclamação é que a obra está muito lenta. Desde que foi retomada no ano passado, está muito devagar. Queremos saber a razão dessa demora”.