Maiores partidos já definem estratégias para ampliar quadros no Estado
Donos de 14 das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa, os três maiores partidos políticos de Mato Grosso do Sul já traçam os planos para a disputa nas eleições municipais deste ano, que acontecem no mês de outubro. Mesmo com o prazo para definição dos candidatos ser de 20 de julho até 5 de agosto, tudo indica que PMDB, PSDB e PT devem articular e escolher os nomes de seus pré-candidatos antes disso, se quiserem ter chance de vencer o pleito deste ano nos principais municípios.
Apesar da rivalidade entre as três legendas no âmbito nacional e estadual, em muitos municípios elas são aliadas. Seus comandantes não falam em alianças neste momento, por defenderem que ainda é cedo. No entanto, a partir da realização das convenções partidárias no fim de julho e início de agosto, as conversas devem acontecer naturalmente.
De acordo com o diretório estadual do PSDB, partido do governador, Reinaldo Azambuja, a legenda intensificou o processo de filiação e fortalecimento com foco nas eleições municipais em setembro de 2015, durante os encontros regionais realizados, e deve continuar até a data limite do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 2 de abril próximo.
Outro partido que também iniciou os preparativos com vistas ao pleito municipal é o PT. Mesmo tendo sofrido desgaste político por conta do envolvimento de seus parlamentares federais no esquema de corrupção na Petrobras, apurado pela Operação Lava Jato, que levou à prisão o senador Delcídio do Amaral e ao pedido de denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) contra o deputado federal Vander Loubet, a legenda filou cerca de 1.600 novos membros em 2015 no estado, segundo o presidente estadual da legenda, ex-deputado federal Antonio Carlos Biffi, que assumiu o partido no início de outubro do ano passado.
Já a legenda de maior bancada na Assembleia Legislativa e com maior número de prefeituras no estado, o PMDB deve fazer o planejamento das ações objetivando lançar candidatos no maior número de municípios possíveis, conforme revelou o presidente estadual da legenda, deputado estadual Junior Mochi. Esse trabalho deve iniciar a partir do dia 15 de fevereiro, durante a primeira reunião da Executiva Estadual, “quando apresentaremos a proposta e discutiremos o assunto”, acrescentou ele.
Para Márcio Monteiro, o principal objetivo do PSDB é o fortalecimento das bases municipais, “onde vamos defender e aumentar o número de candidatos e políticas públicas, principalmente naquelas cidades onde ainda não tivemos oportunidade de mostrar nosso trabalho”, destacou ele, explicando que o partido também traça estratégias para conquistar o Executivo municipal e ampliar as bancadas no maior número possível de cidades. “O partido irá disputar as eleições em todas as regiões do Estado e aposta na reeleição da maioria dos 16 prefeitos sul-mato-grossenses”, informou o presidente.
A estratégia não é muito diferente do PT, que detém o comando de 12 prefeituras e tem pouco mais de 100 vereadores no estado. Conforme o presidente estadual, a meta é dobrar o número de vereadores, manter a reeleição dos atuais prefeitos ou seus substitutos, indicar candidaturas próprias nos 15 maiores municípios do estado, além de priorizar os pré-candidatos que apresentam condições reais de vencer as eleições municipais. “Queremos ampliar o espaço nas administrações municipais e montar chapas proporcionais com capacidade de aumentar nossa representação no Legislativo”, afirmou Biffi.
Junior Mochi lembra que, diante dos levantamentos preliminares realizados pelo PMDB, é possível ampliar o número de prefeitos em relação as atuais 21 prefeituras administradas pelo partido no Estado. “As pesquisas colocam vários dos nossos candidatos como favoritos em mais de 20 municípios e outros 10 com boas condições de vitória”, revelou o presidente da legenda.
Fora das administrações dos maiores municípios de Mato Grosso do Sul, o PSDB tem a favor o fato de estar no comando do governo estadual, que pode favorecer maior número de candidaturas. Um exemplo é caso de Três Lagoas, em que o partido deve disputar com o deputado estadual Ângelo Guerreiro.
O PT trabalha para manter o prefeito Paulo Duarte em Corumbá, maior município comandado pela legenda em Mato Grosso do Sul. Ele renunciou à presidência regional petista em outubro do ano passado justamente para se dedicar exclusivamente à gestão municipal e poder disputar a reeleição.
Atualmente na administração de Três Lagoas com a prefeita Márcia Moura, o PMDB pode perder a reeleição no município por não ter um nome de destaque no município. No entanto, é visto como favorito na disputa da prefeitura de Dourados, com o deputado federal Geraldo Resende, apontado em pesquisas de opinião com preferência entre os eleitores.
Capital – Em Campo Grande o jogo está aberto como há tempos não acontecia. Não há um nome com vantagem expressiva até o momento, como aconteceu nas eleições anteriores a 2012, quando o atual prefeito Alcides Bernal (PP) surpreendeu o candidato do PMDB, Edson Girotto; do PSDB, Reinaldo Azambuja. O candidato do PT, Vander Loubet, não encantou e não teve expressão na disputa.
Por enquanto, não há nomes definidos para enfrentar, tudo indica, o prefeito Alcides Bernal, que em tese tem certa vantagem por estar no cargo. Mas, os comandantes dos partidos disseram que o objetivo de suas legendas é disputar a prefeitura da Capital com candidaturas próprias.
O presidente do PSDB, Márcio Monteiro, disse que estão à disposição do partido os nomes da vice-governadora, professora Rose Modesto; do secretário de Governo, Eduardo Riedel, do presidente da Câmara de Vereadores de Campo Grande, João Rocha, do vereador Lívio Leite e “outros que também são qualificados e preparados para uma possível disputa, que serão definidos no momento certo”, explicou.
Já o presidente do PT que, no final do ano passado, chegou a cogitar o nome do ex-governador e deputado federal José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, para a disputa, já fala em outros nomes como Amarildo Cruz, Cabo Almi, Pedro Kemp e da possibilidade de sua própria pré-candidatura a prefeito da Capital pela primeira vez.
Junior Mochi confirma que o PMDB terá candidatura própria em Campo Grande, mas o nome será apresentado até o mês de abril. “Temos quadros importantes e dentre eles sairá o nome de consenso”, garantiu ele, sem citar nomes. Dentre as possibilidades da legenda para a Capital, estão o deputado federal Carlos Marun, a vereadora Carla Stephanini e o vereador Paulo Siufi, que já declarou sua vontade de ser candidato.