Marun admite influência de ações na segurança em candidatura do grupo de Temer
Ministro da Secretaria de Governo afirma que impacto positivo de medidas no setor pode influenciar MDB a lançar presidente à reeleição ou nome do grupo; Marun também revela “plano” para seguir na Esplanada dos Ministérios
Embora Michel Temer tenha reforçado que não pretende disputar a reeleição, os efeitos das medidas recentes tomadas na área de segurança pública poderão influenciar tanto a indicação de um candidato de seu grupo político como mesmo o lançamento do atual presidente para a disputa de um novo mandato. A afirmação partiu do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, em entrevista na manhã desta sexta-feira (23) em Campo Grande, ao admitir também que ele segue no cargo até o fim do Governo Temer, havendo uma perspectiva de continuidade em um eventual novo mandato do grupo.
Temer foi responsável pela polêmica decisão de decretar intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, a partir de apelos do governador daquele Estado, Luiz Fernando Pezão (MDB). Na carona dessa medida, também foi anunciada a criação do Ministério da Segurança Pública e da intensificação dos investimentos nas regiões de fronteira.
Segundo Marun, as expectativas em torno do resultado de tais ações poderão ter influência nas decisões futuras do MDB em relação à candidatura ao Palácio do Planalto neste ano. Temer, que até aqui figura abaixo dos dois dígitos nas pesquisas já realizadas por institutos nacionais, mantém o discurso de que não pretende concorrer à reeleição, conforme o ministro.
“Conversei com o presidente Temer e ele voltou a dizer que não é candidato a reeleição. Mas, se essa ação de intervenção tiver resultados positivos, vai influenciar o grupo político dele”, destacou Marun, que disse não descartar “ter o presidente Temer ou alguém do grupo político dele como candidato a presidente, em função dessas ações positivas na segurança”.
Ele também confirmou que, nas conversas com Temer, que, “a princípio, quer me manter como ministro até o fim do ano”, quando termina o mandato presidencial. A permanência no Palácio do Planalto durante o processo eleitoral, abdicando da disputa à reeleição para o mandato de deputado federal, foi apontada por integrantes do MDB nacional como um dos fatores que pesaram em favor da indicação de Marun para a pasta –aliada à sua disposição ao sair em defesa de Temer no Congresso.
Caso o grupo político de Temer saia vitorioso das eleições, “o projeto é que eu permaneça como ministro para a próxima gestão”, destacou Marun.
Ministério – Aos jornalistas, o ministro afirmou que, diante da colocação da segurança pública como prioridade do Governo Temer no momento, a tendência é de que haja maior distribuição de recursos federais para o setor, “incluindo a região de fronteira”. A destinação de valores bem como as ações que serão feitas, porém, serão definidas pelo futuro ministro da Segurança Pública.
O governo ainda avalia nomes para a nova pasta. Carlos Marun destacou que o escolhido até poderá surgir de uma indicação política, no entanto, “terá um perfil técnico” e experiência no setor. “Eu não poderia assumir porque não tenho experiência na área”. O ministro da Secretaria de Governo garantiu presença nas discussões da pasta, a fim de apresentar demandas para a região de fronteira, por exemplo, mas descartou ter poder de decisão.
Marun também comentou a decisão de se decretar intervenção na segurança pública do Rio, descartando a tomada de medida semelhante em outros Estados. “A medida não deve ser seguida em outros Estados ou na região de fronteira por se tratar de uma questão específica”, explicou. “Lá [Rio de Janeiro] há uma fratura exposta do crime que precisava da intervenção por dois fatores: um, porque há uma questão de retomada do território [das facções criminosas]; e os traficantes e criminosos usam armas de guerra que entram por aqui [fronteira com Paraguai e Bolívia], mas são usadas lá”, disse.
Por fim, ele destacou que os demais Estados terão ações planejadas e específicas do Ministério da Segurança Pública. E antecipou que o governo exigirá uma maior troca de informações entre polícias Civil, Militar e Federais. “Há muitos Estados onde não há esse contato entre as polícias. É uma questão que esse novo ministério vai requisitar”.