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Política

Notícia falsa sobre projeto leva grupo à Câmara contra "ideologia de gênero"

Deputado estadual eleito Rafael Tavares (PRTB) fez uma convocação em redes sociais com falsas informações

Caroline Maldonado | 29/11/2022 11:50
Manifestantes na Câmara Municipal de Campo Grande, nesta manhã. (Foto: Kísie Ainoã)
Manifestantes na Câmara Municipal de Campo Grande, nesta manhã. (Foto: Kísie Ainoã)

Um grupo de manifestantes foi à Câmara Municipal contra um projeto de lei para criação de um programa sobre histórias de mulheres para promover o conhecimento de histórias de destaque de movimentos que contribuíram para o empoderamento feminino e a igualdade de gênero. O grupo se denomina “Movimento de Base”.

O deputado estadual eleito Rafael Tavares (PRTB) fez uma convocação em redes sociais com falsas informações sobre o projeto de lei do vereador Carlos Augusto Borges (PSB), dizendo que a proposta era da vereadora Camila Jara (PT) para “implementar aulas de feminismo, liberação de aborto, liberação de drogas e libertinagem sexual das mulheres”, termos que não constam no projeto elaborado por Carlão, que a vereadora petista assinou junto para apoiar e tornar-se coautora.

Os manifestantes levaram faixas e cartazes e fizeram barulho. O vereador André Luís Soares (Rede), o “Prof. André", pediu que a sessão fosse encerrada caso os manifestantes não saíssem e expulsou o pessoal, mas depois conversou com os manifestantes.

Manifestantes e vereador André Luís Soares, o "Prof. André", na Câmara Municipal nesta manhã (Foto: Kísie Ainoã)
Manifestantes e vereador André Luís Soares, o "Prof. André", na Câmara Municipal nesta manhã (Foto: Kísie Ainoã)

“Gente que não sabe se portar como cidadão, aqui é um local de cidadão. É melhor vocês se retirarem. Aqui não é local para gente mal educada. Vocês não aprenderam a ouvir. Vocês não sabem o que é democracia. Aprendam a respeitar a democracia. Saiam daqui. Vocês não merecem estar aqui”, disse Prof. André.

Em outro momento, o vereador alertou os manifestantes para o fato de que o projeto em questão não continha o que foi divulgado pelo deputado eleito.

“Tem um vídeo de um ignorante que virou deputado estadual, mas o problema não é o ignorante, é o bando que segue o ignorante. Gostaria de ler, porque vocês não leram o projeto”, disse o vereador, que leu em seguida o texto do projeto que estava para votação na pauta de hoje, mas foi retirado por Carlão logo após a polêmica inventada pelo deputado eleito e ameaça de manifestação.

Vídeo  - “Esse projeto quer implementar aulas de feminismo nas escolas da cidade. Conteúdos como liberação de aborto, liberação de drogas, libertinagem sexual das mulheres será ensinado de forma legalizada pelos professores. Isso aí remete a uma questão muito importante. Até que ponto vai o poder do Estado ensinar esse tipo de situação aos nossos filhos e netos, levando em consideração que a educação brasileira está no ranking de competitividade. Enquanto isso, o projeto que é apresentado pela vereadora do PT, partido das trevas, quer ensinar ideologia para as nossas crianças. Se você, assim como eu, não concorda com esse tipo de projeto, pressione os vereadores”, diz Tavares em vídeo publicado no Facebook, na segunda-feira (28).

Imagem de vídeo publicado pelo deputado eleito Rafael Tavares (PRTB). (Imagem: Reprodução/Facebook)
Imagem de vídeo publicado pelo deputado eleito Rafael Tavares (PRTB). (Imagem: Reprodução/Facebook)

Sessão - Carlão pediu que os manifestantes fizessem silêncio para prosseguir com a sessão, após a fala do Prof. André.

“Sejam bem-vindos para acompanhar a sessão. Tem que respeitar a fala do vereador. Você que está aí de boné branco tem que entender o seguinte: a Câmara é um Poder que você faz parte, mas tem um limite. Não pode gritar bater palma, se não suspendo a sessão. Esse projeto que vocês pediram já foi retirado de pauta e vamos discutir", disse Carlão.

Em meio aos manifestantes, uma mulher segurava cartaz que dizia "Vereador de Campo Grande, Sr. Tabosa, nos xingou de fascistas desocupados. Você concorda com ele?".

"Estamos há 30 dias no CMO. O líder da nossa manifestação é o povo. Não somos fascistas, não somos vagabundos, não somos vândalos. Somos brasileiros, cansados de sermos feitos de palhaços. Se a urna é segura, entrega o código fonte", dizia outro cartaz.

Cartazes de manifestantes na Câmara Municipal (Foto: Kísie Ainoã)
Cartazes de manifestantes na Câmara Municipal (Foto: Kísie Ainoã)

O projeto - Com apenas quatro parágrafos, o Projeto de Lei 10.687/22 é para criar um programa sobre Histórias de Mulheres como conteúdo transversal em disciplinas curriculares, conforme o artigo 1º.

O artigo 2º diz que o programa sobre Histórias de Mulheres objetiva promover o conhecimento de histórias de destaque de movimentos que contribuíram para o empoderamento feminino e a igualdade de gênero.

Parágrafo único, afirma que “o conteúdo deste programa deverá apresentar a trajetória pessoal e profissional de mulheres que atuam ou atuaram em diversos segmentos, tais como educação, política, direitos humanos, saúde, cultura, sociologia, carreiras jurídicas, entre outros, incluindo todas as etnias presentes no país, com o cuidado especial de salientar as conquistas das mulheres negras, quilombolas e indígenas”.

Artigos 3º e 4º determinam que caberá ao Poder Executivo estabelecer a estrutura e as diretrizes do programa sobre Histórias de Mulheres nas escolas e fica autorizado a celebrar convênios, parcerias, ajustes, contratos e afins entre instituições de ensino públicas e/ou privadas, bem como, de outras organizações não governamentais, visando a implantação e implementação do programa objeto da lei.

O projeto, conforme justificativa, partiu da sugestão de conselheiras federais da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso do Sul).

Clique aqui para consultar o Projeto de Lei 10.687, no site da Câmara Municipal.

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