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Política

Para Justiça, corrupção em MS pode atingir "dimensão do Pantanal"

Aline dos Santos | 25/08/2015 11:17
Prefeitura está sem titular com afastamento de prefeito e presidente da Câmara. (Foto: Fernando Antunes)
Prefeitura está sem titular com afastamento de prefeito e presidente da Câmara. (Foto: Fernando Antunes)

“As investigações iniciadas em nosso Estado, ainda que de menor proporção, já indicam que os atos de corrupção aqui praticados podem atingir dimensões comparáveis à extensão do pantanal”.

A afirmação é do desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva e consta na decisão que determinou o afastamento do prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), e do presidente da Câmara Municipal, vereador Mario Cesar (PMDB). O magistrado usa como medida para a corrupção a maior planície alagável do planeta.

Na decisão, o desembargador salienta que o dicionário do cidadão, mas em especial os agentes políticos, deveria começar com o de ética, palavra mágica de onde decorre “ a observância de todos aqueles princípios consagrados pela Constituição, como o da moralidade e da impessoalidade”.

A pedido do Gaeco ( Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o desembargador do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) autorizou que nove pessoas fossem detidas. O nome formal do procedimento é condução coercitiva.

Foram detidos Mario Cesar (PMDB); Edil Albuquerque (PMDB); Airton Saraiva (DEM); Waldecy Batista Nunes (PP), o Chocolate; Gilmar da Cruz (PRB); Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão; Edson Shimabukuro (PTB) e Paulo Siufi (PMDB).

Também terão que prestar esclarecimentos o secretário municipal de Saúde, vereador licenciado Jamal Salem (PR), e o ex-vereador Alceu Bueno, que renunciou após escândalo de exploração sexual. Na lista também estão os empresários João Amorim, Fábio Portela Machinsky e João Roberto Baird. A operação foi batizada de Coffee Break. A senha para pagamento de propina pelo grupo era tomar um café.

O Gaeco alegou que já havia colhido indícios de promessa de vantagens indevidas a agentes políticos para a cassação do então prefeito Alcides Bernal (PP) em março do ano passado pela Câmara Municipal.

Com a operação Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho pela PF (Polícia Federal), surgiram gravações que apontam o envolvimento de João Amorim, dono da Proteco Construções, que estava insatisfeito com o fim de contratos com a prefeitura. As provas foram compartilhadas após autorização da 5ª Vara da Justiça Federal.

Sem saber que estava com as conversas telefônicas monitoradas pela Polícia Federal, Amorim articula e acompanha todo o processo de cassação à distância. E, de acordo com as interceptações, assim que a sessão é encerrada, ele recebe inúmeras ligações parabenizando-o pela vitória. Bernal foi cassado por 23 votos a 6.

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