Para Justiça, corrupção em MS pode atingir "dimensão do Pantanal"
“As investigações iniciadas em nosso Estado, ainda que de menor proporção, já indicam que os atos de corrupção aqui praticados podem atingir dimensões comparáveis à extensão do pantanal”.
A afirmação é do desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva e consta na decisão que determinou o afastamento do prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), e do presidente da Câmara Municipal, vereador Mario Cesar (PMDB). O magistrado usa como medida para a corrupção a maior planície alagável do planeta.
Na decisão, o desembargador salienta que o dicionário do cidadão, mas em especial os agentes políticos, deveria começar com o de ética, palavra mágica de onde decorre “ a observância de todos aqueles princípios consagrados pela Constituição, como o da moralidade e da impessoalidade”.
A pedido do Gaeco ( Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o desembargador do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) autorizou que nove pessoas fossem detidas. O nome formal do procedimento é condução coercitiva.
Foram detidos Mario Cesar (PMDB); Edil Albuquerque (PMDB); Airton Saraiva (DEM); Waldecy Batista Nunes (PP), o Chocolate; Gilmar da Cruz (PRB); Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão; Edson Shimabukuro (PTB) e Paulo Siufi (PMDB).
Também terão que prestar esclarecimentos o secretário municipal de Saúde, vereador licenciado Jamal Salem (PR), e o ex-vereador Alceu Bueno, que renunciou após escândalo de exploração sexual. Na lista também estão os empresários João Amorim, Fábio Portela Machinsky e João Roberto Baird. A operação foi batizada de Coffee Break. A senha para pagamento de propina pelo grupo era tomar um café.
O Gaeco alegou que já havia colhido indícios de promessa de vantagens indevidas a agentes políticos para a cassação do então prefeito Alcides Bernal (PP) em março do ano passado pela Câmara Municipal.
Com a operação Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho pela PF (Polícia Federal), surgiram gravações que apontam o envolvimento de João Amorim, dono da Proteco Construções, que estava insatisfeito com o fim de contratos com a prefeitura. As provas foram compartilhadas após autorização da 5ª Vara da Justiça Federal.
Sem saber que estava com as conversas telefônicas monitoradas pela Polícia Federal, Amorim articula e acompanha todo o processo de cassação à distância. E, de acordo com as interceptações, assim que a sessão é encerrada, ele recebe inúmeras ligações parabenizando-o pela vitória. Bernal foi cassado por 23 votos a 6.