Pedra deixa sessão para proteger Bernal de "chuva" de requerimentos
O mais novo integrante da base aliada ao prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), vereador Paulo Pedra (PDT), deu a primeira prova de que será o fiel escudeiro do progressista, durante sessão desta quarta-feira. Para impedir que os parlamentares fizessem “um limpa” nos requerimentos que devem ser enviados ao chefe do Executivo, o pedetista retirou do plenário e fez com que a sessão acabasse e a votação dos requerimentos fosse suspensa por falta de quórum.
Segundo regimento interno da Câmara Municipal, para que qualquer documento seja votado é necessáriomais da metade de vereadores presentes, ou seja, no mínimo 15 deles. Inicialmente era exatamente este o número de parlamentares, mas com a saída de Pedra antes do término da sessão o quadro ficou incompleto. A “jogada” foi feita pelo pedetista para impedir que as indicações fossem enviadas ao prefeito, bem como aos secretários.
Isso porque, segundo Airton Saraiva (DEM), dezenas de requerimentos e indicações já estão na prefeitura e aguardam por resposta. A aprovação de mais solicitações acumularia ainda mais documentos a serem respondidos pelo Executivo. “Essa é uma obstrução legal, mas imoral”, opinou o democrata. Carlão (PSB) fez questão de ressaltar o desleixo de Bernal em relação ao assunto.
“O prefeito tem 15 dias para reponde-los, mas alguns estão há 40 dias sem resposta”, explicou. Na sessão de ontem, por solicitação da vereadora Grazielle Machado (PR), o presidente da Casa de Leis, Mario Cesar (PMDB), já havia pronunciado que hoje seria feita uma limpeza nos requerimentos que estavam para ser votados.
Manobra – Antes de abandonar a sessão, Pedra tentou induzir os companheiros de base a deixarem o parlamento. Primeiro ele abordou Gilmar da Cruz (PRB) e perguntou se o vereador não poderia sair da Câmara, porém não obteve sucesso. Depois foi a hora de Cazuza (PP) ser rodeado pelo pedetista.
“Cazuza, vai embora, pô!”, disse Pedra. A pressão aparentemente havia surtido efeito. Cazuza se ausentou da sessão por mais de 10 minutos e só voltou quando os colegas começaram a utilizar o microfone para dizer que ele estava abandonando a votação. Chocolate, também foi abordado por Pedra, mas não aceitou a proposta.
O líder do prefeito, Marcos Alex (PT), não se empenhou tanto quanto Pedra, entretanto deu sua parcela de contribuição para suspender a votação. Mesmo com 15 vereadores, o petista insistiu em dizer que a Casa estava descumprindo o regimento em tocar a sessão. Ele chegou a ocupar a tribuna e ler as regras, mas não conseguiu provar nada.
Indignação – O vereador Eduardo Romero (PTdoB), que tem um requerimento importante, sobre verbas destinadas às ações ambientais na Capital, para ser votado, não se ficou calado diante da manobra feita pela base.
“Quero registrar minha indignação. O povo protestou quando o número de vereadores passou de 21 para 29, dizendo que eram muitos parlamentares. Agora começo a acreditar que tinham razão porque nem metade dos vereadores se encontra nesta Casa no momento e essa não é a primeira vez. Isso é uma falta de compromisso. Vou colocar o dedo na ferida mesmo. Temos que estar aqui, no mínimo, em dias de sessão”, discursou.
Providências – Saraiva, presidente da Comissão Permanente de Legislação, Justiça e Redação Final, garantiu que a pasta tomará as devidas providências em relação ao assunto. “Não adianta essas coisas porque, se for necessário, vamos fazer com que o prefeito responda em juízo aos requerimentos”.
Os vereadores Luiza Ribeiro (MD), Ayrton Araújo (PT), Zeca (PT), Alceu Bueno (PSL), Delei Pinheiro (PSD), Jamal Salem (PR), Vanderlei Cabeludo (PMDB) e Paulo Pedra (PDT) foram embora antes de acabar a sessão.
Otávio Trad (PTdoB), Flávio César (PTdoB), Mario Cesar (PMDB), Edson Shimabukuro (PTB), Edil Albuquerque (PMDB) e João Rocha (PSDB) faltaram integralmente, mas justificaram a ausência.
Por fim, os parlamentares que ficaram até o final da sessão de hoje foram: Grazielle Machado (PR), Eduardo Romero (PTdoB), Paulo Siufi (PMDB), Chiquinho Telles (PSD), Coringa (PSD), Rose Modesto (PSDB), Cazuza (PP), Chocolate (PP), Marcos Alex (PT), Airton Saraiva (DEM), Carlão (PSB), ElizeuDionízio (PSL), Carla Stephanini (PMDB) e Juliana Zorzo (PSC).