PF diz que general de MS "pressionou" comandante do Exército para dar golpe
Laércio Vergílio chegou a dizer para general Freire Gomes que ele passaria para história como "covarde"
O inquérito da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado e supressão violenta do Estado Democrático de Direito, que teve o sigilo quebrado nesta terça-feira (26), traz luz sobre o que teria sido atuação do coronel reformado Laércio Vergílio, de 69 anos, que se aposentou como general-de-brigada.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O inquérito da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 expôs a atuação do coronel reformado Laércio Vergílio, que tentou pressionar comandantes militares, incluindo o então Comandante do Exército, a apoiar uma intervenção. Utilizando mensagens via WhatsApp, Vergílio incitou um golpe, alegando apoio de militares de patente inferior e da Marinha, e ameaçou a reputação do General Freire Gomes caso este não se posicionasse a favor do movimento golpista, usando termos como "Forças Subterrâneas" e "Kid Preto" para sugerir acesso a informações privilegiadas.
Alvo da Operação Tempus Veritatis, o oficial do Exército é natural de Adamantina (SP), mas mora no Bairro Buriti, em Campo Grande. Ele teve a casa vasculhada pela PF no dia 8 de fevereiro por ser suspeito de fazer parte de “ala militar” que tinha a intenção de tomar o poder após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A atuação de Laércio Virgílio, conforme descrito nas investigações, destaca-se por sua participação ativa no movimento golpista, no qual buscava incitar e pressionar comandantes militares para uma intervenção militar contra o Estado Democrático de Direito.
Virgílio, que se apresenta como um ex-oficial de alto escalão do Exército Brasileiro, utilizou de canais privados de comunicação, como o WhatsApp, para tentar persuadir figuras-chave das Forças Armadas, incluindo o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, a apoiar o golpe de Estado.
De acordo com os registros analisados expostos no inquérito, Virgílio enviou diversas mensagens ao general Freire Gomes após as eleições presidenciais de 2022, com o intuito de persuadi-lo a tomar uma atitude contra a posse do governo legitimamente eleito.
Ele se apresenta de forma provocativa, relembrando uma antiga relação de serviço militar com o general, e utiliza termos como "Forças Subterrâneas" e "Kid Preto" para indicar seu acesso a informações e canais não oficiais. Essas mensagens demonstram uma tentativa clara de pressionar o general a adotar uma postura favorável ao movimento golpista.
Em suas conversas, Virgílio mencionou que os militares da ativa, especialmente os de patentes mais baixas, como generais de Divisão, estariam a favor de uma intervenção militar. Ele também afirmava que o general Freire Gomes seria uma peça chave para que o golpe fosse bem-sucedido, utilizando a pressão como uma forma de convencê-lo. O teor das mensagens indicava uma clara divisão nas Forças Armadas, mas Virgílio ressaltava que a Marinha estava "coesa", e que os militares mais jovens, bem como a maioria da tropa e do povo, apoiavam o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A pressão feita por Laércio Virgílio se intensifica, a ponto de ele fazer um ultimato ao general Freire Gomes, questionando sua lealdade ao país e insinuando que, caso o comandante não tomasse uma atitude favorável ao golpe, sua reputação seria manchada, passando para a história como um "covarde traidor da pátria".
“Ou você toma uma decisão ou pede pra sair, é uma questão de 'Foro íntimo' seu. Conheço seu caráter, seu profissionalismo, mas você vai amargar essa mácula na sua reputação e passar para a História como o “Covarde traidor da pátria”?”, disse ele.
O Campo Grande não conseguiu localizar nem Laércio, nem a defesa dele, para se posicionar. O espaço segue aberto.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.