Planos de governo de Lula e Bolsonaro têm Pantanal, mas se esquecem da fronteira
O bioma por onde avança a soja e a “terra sem lei” são temas caros a MS e à nação
Os planos de governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), candidatos que disputam a presidência do Brasil no segundo turno, trazem enxutas propostas para o Pantanal e se esquecem da fronteira, dois temas caros a Mato Grosso do Sul e à nação.
Sobre o Pantanal, que tem 65% de sua localização no Estado, o plano de gestão do presidente Jair Bolsonaro aponta parceria interministerial do governo federal.
“No sentido de contratar 6 mil bombeiros que atuarão descentralizadamente em biomas que concentram incêndios e queimadas, como Pantanal, Cerrado e toda a Região Norte. Há ainda incentivo aos bombeiros voluntários com capacitação e equipamento. Iniciativas como o Programa Floresta+, criado para fomentar e consolidar o mercado de serviços ambientais, reconhecendo e valorizando atividades ambientais realizadas e incentivando sua retribuição monetária e não monetária deve ser ampliado e incentivado”.
O plano de governo de Lula menciona o dever de conservação. “O Brasil tem uma das maiores biodiversidades do planeta. É nosso dever conservar a Amazônia, o cerrado, a mata atlântica, a caatinga, o Pantanal, os pampas e os outros biomas e ambientes. Igualmente indispensável é conhecer e conservar a nossa zona econômica exclusiva, no Oceano Atlântico, a nossa Amazônia Azul e as zonas costeiras. Esse projeto harmonizará a proteção dos ecossistemas que estão em risco com a promoção do desenvolvimento sustentável, bem como exigirá o enfrentamento e a superação do modelo predatório de exploração e produção, atualmente, agravado pela completa omissão do governo atual”.
Mato Grosso do Sul registra a expansão da lavoura de soja, que já ocupa três mil hectares da maior planície alagável do mundo. O cultivo fica concentrado nos municípios de Aquidauana, Miranda e Coxim.
Nos dois últimos anos, o ecossistema foi devastado por incêndios, numa emergência ambiental resultante da falta de chuva e queima de área para pecuária. Na maior seca em quase cinco décadas, registrada em 2020, o fogo consumiu 1,6 milhão de hectares em Mato Grosso do Sul.
O Pantanal é casa de mais de 3.500 espécies de plantas, 300 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 177 espécies de répteis, 600 espécies de pássaros e mais de 150 espécies de mamíferos.
Terra sem lei – Uma das principais rotas para o contrabando de armas e tráfico de drogas que abastecem o País, a fronteira de Mato Grosso do Sul com Bolívia e Paraguai não foi lembrada pelos presidenciáveis que disputam o segundo turno. Os documentos mencionam crime organizado, mas sem detalhar Estados.
Lula aponta que a segurança pública se dará por meio de políticas públicas pautadas pela valorização da vida, uso qualificado da ação policial e pela participação social.
“As políticas de segurança pública contemplarão ações de atenção às vítimas e priorizarão a prevenção, a investigação e o processamento de crimes e violências contra mulheres, juventude negra e população LGBTQIA+. É fundamental uma política coordenada e integrada nacionalmente para a redução de homicídios envolvendo investimento, tecnologia, enfrentamento do crime organizado e das milícias, além de políticas públicas específicas para as populações vulnerabilizadas pela criminalidade”.
Sobre segurança pública, Bolsonaro destaca fortalecimento das ações no combate ao crime. "Enfatiza-se o fortalecimento das ações no combate ao crime organizado. E outras ameaças à segurança e defesa nacional, utilizando amplo espectro de tecnologias disponíveis, como drones, inteligência artificial e perícia forense, dentre outros, sempre em coordenação e integração entre as instituições federais e os órgãos estaduais e municipais, a fim de dar robustez a essa luta para proteger a população e colocar nas mãos da Justiça aqueles que insistem em romper as leis e prejudicar, muitas vezes tirando a vida de outro ser humano, o cidadão".
No Estado, a taxa de homicídios foi de 15,5 por 100 mil habitantes no ano passado. Contudo, quando a análise é específica sobre Ponta Porã, município que faz fronteira com Pedro Juan Caballero, no Paraguai, a taxa foi de 53,5.
Dados de 2021 revelam que foram apreendidas 689,3 toneladas de drogas em Mato Grosso do Sul. O maior volume apreendido é de maconha (671 toneladas). Na sequência, aparecem a cocaína (6,1 toneladas) e o crack (3,3 toneladas).
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) registrou aumento de 60% na apreensão de armas nas rodovias de Mato Grosso do Sul no comparativo entre 2020 e 2021. A maioria do armamento apreendido sai do Paraguai, entra no território nacional, via MS, e tem como destino os grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo.