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Política

Prefeitura suspende pagamentos para renegociar ‘herança de Bernal’

No quarto dia de gestão, força-tarefa toma conta da prefeitura na tentativa de ganhar tempo e estancar urgências

Alberto Dias | 05/01/2017 16:07
Prefeito diz acreditar no poder da boa e velha negociação. (Foto: Alcides Neto)
Prefeito diz acreditar no poder da boa e velha negociação. (Foto: Alcides Neto)

Com fornecedores atrasados, folha de pagamento de dezembro em aberto, parte do 13º salário pendente e até risco de corte no fornecimento de água e luz, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) decidiu suspender todos os pagamentos e negociar caso a caso, com os credores, contando com a "compreensão, confiança e paciência" de cada um. Sem dinheiro em caixa, publicará decreto tornando oficial a decisão de renegociar uma dívida que, segundo ele, "chega a quase R$ 370 milhões".

"Não tem jeito. Não tem alternativa. Teremos de fazer uma revisão completa, suspender e negociar", disse. Ao Campo Grande News, o prefeito adiantou que o decreto deverá ser publicado no Diário Oficial do Município possivelmente na próxima semana.

Questionado sobre quais seriam as principais áreas afetadas, bem como quais são os maiores credores, Marquinhos é enfático: "Vamos renegociar todas as áreas, incluindo até os R$ 12 milhões acumulados de água e luz".

Só na área da Saúde, a dívida ultrapassa R$ 20 milhões, segundo informou o secretário Marcelo Vilela, à frente da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). "Temos um passivo muito alto de fornecedores a ser pago na saúde, que inclui medicamentos, hospitais e outros pontos", disse à reportagem.

Diante da gravidade, Vilela reuniu a procuradoria da Sesau e convocou o diretor-presidente do Hospital do Câncer, Carlos Alberto Coimbra, para expor a situação. A tentativa é reprogramar os repassasses atrasados ao hospital que somam pelo menos R$ 1,7 milhão. O encontro teve ainda o reforço do secretário de Finanças, Pedro Pedrossian Neto - este hospital representa apenas um dos casos.

Todavia, o decreto terá limitações e deverá ser voltado a fornecedores. Os repasses atrasados da Cultura, por exemplo, serão tratados à parte, "de outra maneira", explicou o prefeito, referindo-se ao não pagamento de 67 projetos dos fundos de cultura Fmic e Fomteatro que somam R$ 4 milhões, deixados para trás pelo ex-gestor municipal Alcides Bernal (PP).

Situação difícil - Nesta quinta-feira (5), Marquinhos chega em seu 4º dia de gestão. Cronologicamente, já no 2º dia, declarou que o dinheiro disponível em caixa era insuficiente para as demandas da cidade.

A administração anterior deixou um saldo positivo R$ 252.192.947,61, porém, a receita líquida que pode ser usada imediatamente, para pagamento de salários, por exemplo, era de R$ 37.343.362. 

Para se ter uma ideia do que isso representa, seria preciso três vezes esse valor para quitar integralmente a folha de pagamento de dezembro, de R$ 111.064.84, considerando os valores já sob a incidência de tributos. Para piorar, existe parcela do 13º atrasada para mais de sete mil servidores que recebem mais de R$ 3 mil, que soma mais R$ 19,8 milhões que a prefeitura ainda não tem.

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