Procuradoria cogita anular delação de Delcídio por omissão de informações
A omissão de informações pode levar ao rompimento do acordo de delação premiada de Delcídio do Amaral. Segundo jornal Estado de S. Paulo, informações reveladas pelos ex-executivos da Odebrecht Benedicto Júnior e Rogério Santos de Araújo apontam que o político recebeu dinheiro para campanha eleitoral como contrapartida pela atuação em casos de interesse da empreiteira.
O ex-senador resolveu colaborar com as investigações depois de ser preso com base em gravação onde aparece oferecendo ajuda na fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, sugerindo inclusive uma articulação entre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar soltar o executivo.
Ele prestou depoimento entre 11 e 14 de fevereiro de 2016, mas não tocou nas informações que posteriormente foram entregues pela Odebrecht.
Além disso, Delcídio foi taxativo ao dizer que não recebeu propina atrelada à refinaria de Pasadena (EUA) e que nunca participou de reuniões sobre a obra. Contudo, o ex-diretor da empreiteira Rogério Araújo cita uma reunião em que a UTC Engenharia se comprometeu a dar R$ 4 milhões a ela para viabilizar a participação da empresa na ampliação daquele empreendimento.
Na delação, o político citou de forma superficial um pedido de ajuda feito a Cerveró para quitar dívidas da campanha de 2006. Araújo acrescentou que o valor foi repassado como contribuição pela aprovação de um projeto de gasoduto a ser realizado por uma companhia ligada à Petrobras na Argentina.
Segundo o Estadão, Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, também citou repasses a Delcídio que também foram omitidos.
Com o surgimento de novos fatos, a PGR vai decidir se adita a delação em condições mais duras ou se rescindirá o acordo. O advogado Antônio Figueiredo Basto, responsável pela defesa de Delcídio, disse que não comentará a colaboração da Odebrecht.
Outras delações também devem ser reavaliadas, entre elas a prestada pelo ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco, que omitiu ter pedido a Araújo que guardasse 24 garrafas de vinho de primeira categoria logo após o início da Operação Lava Jato.
As empreiteiras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa também cogitam rever as delações. A revisão é chamada de “recall” pelo Ministério Público.