Produtores boicotam visita de Lula e criticam doação de alimentos a índios
Produtores rurais de Mato Grosso do Sul não enxergam motivos para prestigiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prometem boicotá-lo em evento, nesta quarta-feira (13), na Capital. Nos bastidores políticos, corre a informação de que o petista viria para o Estado com a missão de conquistar o apoio do agronegócio para fortalecer o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
De acordo com publicação do Jornal a Folha de S. Paulo, a estratégia seria reforçar os laços com os produtores rurais para enfraquecer a “dobradinha” da ex-senadora Marina Silva (PSB) com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Por defender regras ambientais rígidas na votação do Código Florestal, Marina não é bem vista pela classe e a intenção do PT seria ocupar esse espaço e garantir, pela primeira vez, a vitória do partido em Mato Grosso do Sul na sucessão presidencial.
Os produtores rurais foram convidados para participar da agenda de Lula em Campo Grande. Entidades representativas, como a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) receberam convite especial, mas recusaram.
“Há seis anos, entreguei na mão do então presidente uma relação das fazendas invadidas no Estado e até hoje não houve nenhum avanço”, comentou o presidente da Acrissul, Chico Maia. “O que eu vou fazer do lado do Lula se a causa que ele apoia nos afronta”, completou.
Com uma cópia do convite da palestra do ex-presidente em mãos, o deputado estadual Zé Teixeira (DEM) também adiantou não participar da agenda. “Olha com quem ele está preocupado”, comentou, mostrando que os alimentos arrecadados na palestra serão doados a Aldeia Porto Lindo, de Japorã. “Isso mostra do lado de quem ele está”, concluiu o parlamentar.
Diretor-secretário da Famasul, Ruy Fachini Filho disse que a entidade também não enviará representantes. “Fomos convidados a participar, mas diante do descaso do governo com a nossa causa não há motivos para ir até lá”, avaliou. “Na ausência de lei, de governo, só nos resta a resistência”, completou o vice-presidente da Famasul, Nilton Pickler.
Segundo o vice-presidente da Acrissul, Jonathan Pereira Barbosa, a categoria não está preocupada com Lula e está focada na organização do leilão para arrecadar fundos a fim de se proteger de novas invasões. “Nosso objetivo é outro, é unir o nosso movimento e não prestigiar quem é contra”, comentou. Nesta terça, produtores se reuniram na sede da Acrissul para começar a organizar o leilão.