Propositor da CPI do Calote, Siufi vê “terrorismo” contra fornecedores
O ex-presidente da Câmara de Campo Grande e atual vice da Mesa Diretora, vereador Paulo Siufi (PMDB), reafirmou sua intenção de criar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Calote, caso a prefeitura não esclareça e convença os motivos da suspensão de pagamentos de empresas que prestam serviços ao município.
Ao avaliar os dados divulgados hoje pela Campo Grande News, sobre o balanço financeiro do 1º quadrimestre do prefeito Alcides Bernal (PP), Siufi disse que estão presentes os fatos que confirmam o “calote” nos fornecedores. Os dados revelam que a disponibilidade de caixa subiu 150,78% no período de janeiro a abril deste ano, ao passo que as despesas empenhadas tiveram queda de 26,75% e as despesas liquidadas, 14,40%, equivalendo neste caso o não pagamento de R$ 77,5 milhões, mesmo com nota fiscal já emitida.
“Se existe dinheiro no Caixa da Prefeitura, por que não pagar?”, questionou o vereador Paulo Siufi. “Isso é criar instabilidade, terrorismo e por trabalhadores dessas empresas vivendo na insegurança de não ter o sustento de seus filhos”, afirmou.
Para Siufi, além de ser um “desrespeito absurdo” para com os fornecedores e a população que fica com serviços precários ou sem prestação, há “ilegalidade” no proposital não pagamento dos contratos assinados pela administração municipal. E voltou a avisar: “Vou esperar até as 17 horas de segunda-feira. Se não chegarem os documentos ou não forem convincentes, vamos abrir a CPI do Calote”.
Na avaliação de Paulo Siufi, o superávit orçamentário da prefeitura de janeiro a abril de 2013 de R$ 88,9 milhões evidencia o calote nos fornecedores. “Se tem despesa e não se paga a conta, vai diminuir a despesa e ter superávit. Vai ser assim em qualquer lugar do mundo”, argumentou o vereador peemedebista.
Se dizendo perplexo com as recentes declarações do prefeito Alcides Bernal sobre a situação do aluguel da Câmara, Siufi afirmou que o chefe do Executivo deveria pensar antes de dizer que os vereadores são “caloteiros” por não pagar a Haddad Engenheiros Associados “como bom advogado que deve ser, porque como prefeito é péssimo administrador”.
Lembrou que Youssif Domingos, quando presidiu a Câmara, deixou lá a decisão da Justiça que proibia o pagamento do aluguel considerado abusivo pelas autoridades judiciárias. “Findou o contrato e não tinha como pagar. Como ordenador de despesa e vai pagar o que não tem contrato?”, perguntou Siufi, revelando que a partir daí a Justiça orientou que as duas partes buscassem um acordo. “Nunca teve acordo porque a empresa Haddad nunca quis se entender com a Câmara. Não somos caloteiros, somos pessoas do bem”, disse ele. Inaceitável, na concepção de Siufi, que Bernal ainda insista em “jogar na lama” a Casa que o acolheu, quando iniciou sua carreira política.
E acusar os vereadores de estarem fazendo “politicagem”, segundo Siufi, é “agredir” o Legislativo municipal. Há, no seu entendimento, uma postura “ditatorial” do prefeito, que ficou bem caracterizada na ameaça de não pagar os reajustes salariais fruto dos vetos derrubados pela Câmara. “Ele quer fechar a Câmara e isso nós não vamos aceitar”, avisou. “São instituições independentes e que deveriam viver em harmonia”, acrescentou.
Paulo Siufi considera que hoje a cidade de Campo Grande está desalentada. “As pessoas queriam tanto uma mudança, mas verificaram que foi para pior”, apontou.