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Política

“Quem ajuda nós”: o que espera do novo governo a eleitora que passa fome

“Se falar que tem alguma coisa, estou mentindo. A minha situação está precária”, diz Miriam

Aline dos Santos | 20/09/2022 12:33
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Miriam tem 69 anos e é catadora de materiais recicláveis. (Foto: Marcos Maluf)
Miriam tem 69 anos e é catadora de materiais recicláveis. (Foto: Marcos Maluf)

Na segunda-feira, a alimentação de Miriam Aparecida Catirce de Almeida, foram duas porções de pão. Na terça-feira, ela só tinha um punhado de açúcar e outro de farinha. Amanhã, a comida também é incerteza.

De dentro da casa de um cômodo - que comporta uma geladeira vazia, parca mobília, colchões precários e a Bíblia aberta no Salmo 23 – Miriam conta o que espera de um novo governo.

“A gente precisa de um que ajuda nós. Porque os ricos têm de onde tirar, nós não tem. Você vai tirar de onde? Eu vou fazer 70 anos no dia 14 de novembro. Essas mãozinhas aqui nunca pegaram nada de ninguém. É o meu suor.  Eu trabalho para sobreviver”.

Mirian recebe um salário mínimo, que logo se esgota com pagamento de aluguel, comida, remédios e empréstimo. Esse último feito para ajudar o filho vítima de acidente de trânsito.

Um fôlego vem de doações, como o voluntário que lhe entrega um sacolão a cada 15 dias. Alguma felicidade, só acha nas lembranças, quando conseguia ter sempre alimento, incluindo carne. “Você quer ver a minha situação? É essa. Se falar que tem alguma coisa, estou mentindo. A minha situação está precária”, diz Miriam, abrindo a porta da geladeira vazia.

Catadora de materiais recicláveis, ela sai de carroça com a égua Samanta. O trabalho duro desafia a idade, os joelhos visivelmente inchados e a pressão alta.

O rendimento é pouco: o quilo do plástico é vendido a cinquenta centavos. Se encher um bag (uma grande sacola), são 30 quilos, que vertido em dinheiro resulta em apenas R$ 15, o que não paga nem um pacote de arroz no mercado perto de casa, no Jardim Noroeste, em Campo Grande. Perto da casa de Mirian, surgem politicos, mas pisoteados no santinho da campanha eleitoral.

Em Mato Grosso do Sul, 266, 8 mil pessoas passam fome. Os dados são da pesquisa Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), divulgada na última semana.

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