Saiba o que pensa a bancada de MS sobre a polêmica do voto impresso
Proposta foi rejeitada em comissão especial da Câmara, mas mesmo assim será discutida em plenário
Apesar da comissão especial da Câmara dos Deputados ter rejeitado por 23 a 11 a tramitação da PEC (Projeto de Emenda Constitucional) do Voto Impresso, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), deve levar o projeto para votação no Plenário.
O Campo Grande News repercutiu com a bancada federal de Mato Grosso do Sul, o posicionamento de cada parlamentar na votação. São contrários à proposta Fábio Trad (PSD), Vander Loubet (PT) e Dagoberto Nogueira (PDT). A favor, os bolsonaristas Luiz Ovando (PSL), Loester Trutis (PSL).
Já os três deputados do PSDB Beto Pereira, Bia Cavassa e Rose Modesto não responderam a pergunta. Nacionalmente, o partido se posiciona contrário a PEC. Mas os deputados têm autonomia de decidir se seguem ou não a sigla.
Participando da comissão especial, Fábio Trad diz que o voto impresso é retrocesso. “Deu a lógica aqui na Comissão Especial. A lógica da democracia, a lógica da estabilidade constitucional, a lógica da confiança nas instituições democráticas, a lógica da racionalidade e do equilíbrio, a lógica da verdade e da boa-fé no debate político.”
Já Trutis alega que o voto impresso é uma segurança a mais ao cidadão em frente à urna. “O voto impresso nada mais é do que um acréscimo de segurança na possibilidade de auditoria do processo eleitoral. Quanto mais seguro for o peito, melhor”, destacou.
No entanto, Dagoberto justifica que voltar ao papel é uma discussão oportunista. “Isso é um retrocesso absurdo, uma cortina de fumaça em meio a verdadeira crise que deveria ser enfrentada, a gerada pela pandemia", considerou o parlamentar.
Representante do PT, Vander argumentou que a proposta de canhoto impresso nada tem a ver com preocupação com transparência nas eleições. “Pelo contrário, é parte de um movimento para tumultuar o processo eleitoral de 2022. Por isso, é tão defendida pelos bolsonaristas. Faz parte da estratégia de criar uma narrativa para contestação em caso de derrota, afinal, todas as pesquisas mostram o Lula com ampla vantagem. Vão alegar fraude, da mesma forma que o Trump fez quando perdeu nos EUA.”
Ele acredita que o presidente da Casa, Arthur Lira, não vá desrespeitar a decisão da comissão especial. “O jogo foi jogado dentro das regras democráticas e do regimento da Câmara, portanto, a decisão precisa ser respeitada. E se for a plenário, acredito que temos maioria para derrotar a proposta”, ponderou.
Já Ovando está otimista com a possibilidade de vencer no Plenário. “O Brasil precisa fechar as brechas para evitar fraudes na votação eletrônica, cujo sistema é violável, segundo relatório do próprio TSE e STF. Nossa expectativa é que o presidente Arthur Lira leve o tema para ser amplamente discutido e votado em plenário, pois aí sim, valerá o voto dos 513 deputados.”
Senadores – Se aprovado na Câmara dos Deputados, o texto seguirá para apreciação do Senado. Dentre nossos três representantes, também há divergências de opiniões. A senadora Soraya Thronicke (PSL) é a favor do voto impresso.
“Vejo a PEC como uma possibilidade de torná-lo auditável para garantir ainda mais segurança e confiança por parte da população brasileira no processo eleitoral do Brasil. Penso que essa é uma demanda de boa parte da população e, por isso, estou plenamente de acordo”, afirmou.
Já Simone Tebet (MDB) defende a segurança das urnas eletrônicas e disse que, quando jovem, teve conhecimento de fraude em uma eleição municipal, quando o sistema ainda era em voto impresso. “Eu vi uma eleição ser fraudada porque pegaram as cédulas em branco e mexeram ali e o candidato que dormiu prefeito, acordou, no dia seguinte, em 2º lugar.”
A senadora afirma que após muitos esclarecimentos, formou convicção a respeito da segurança das urnas eletrônicas. “Acho que o nosso Brasil não precisa se preocupar com isso”, disse, defendendo que a beleza da democracia é a alternância de poder. “Aquele que for derrotado, tem que aceitar o resultado das urnas”. Para Simone, o voto é a representação da soberania é popular.
Nelsinho Trad (PSD) acredita que a matéria dificilmente chegue ao Senado pelo resultado que teve na comissão especial da Câmara dos Deputados. “Eu sou a favor de buscar um caminho alternativo. Quando foi instituída a biometria, foi pausada, gradual e planejada. Voltar atrás, acabar com a urna eletrônica e voltar atras de um voto impresso puro e simplesmente não é o caminho. Mas que pode ser acoplado um comprovante e que poderá ser auditado, desde que houver algum questionamento naquela sessão, não vejo nada de ruim, vejo que é uma evolução para garantir a segurança e a contraprova”, explicou.
Ele afirma que a forma como foi encaminhada a discussão, é que está gerando polêmica. “Haveria que ter, na minha avaliação, e estou procurando falar com as lideranças do Senado, um entendimento entre os dois poderes, o Judiciário e o Executivo. Vamos organizar um planejamento até porque precisa de recurso. Vamos organizar de forma segura e sem atropelo e que possa garantir segurança no pleito. Se não der para fazer nessa eleição, não tem problema, vamos fazer igual foi a biometria. Estou suplicando que os poderes dialoguem. Nosso inimigo é o coronavírus. Tem que se unir para causas mais importantes para a população. Quem não é do ramo da política está pouco se importando com isso.”