Soraya tenta validar eleição que a reelegeu presidente regional do União Brasil
Defesa da senadora entrou com pedido de reconsideração de decisão
Comissão provisória do União Brasil em Mato Grosso do Sul, representado pela presidente regional e senadora Soraya Thronicke, entrou com pedido de reconsideração à decisão preferida pelo juiz Fábio Saad que anulou eleição para a composição estadual da sigla ocorrida na manhã da última terça-feira (4).
De acordo com a inicial, a congressista promoveu de forma irregular a votação e excluiu justamente os integrantes que seriam contrários à permanência da senadora na presidência da legenda, os desfiliando para que perdessem poder de voto e logo depois convocando o pleito interno.
Os autores das ações, agora apensadas uma a outra, que culminaram na anulação são Davis Martinelli e Anderson do Carmo, ambos componentes de cargos dentro do partido. No entanto, conforme argumentação apresentada por Soraya, ambos representam um braço de antigos correligionários que já se desligaram no União Brasil cinco meses atrás e querem gerar tumulto.
Sem citar nomes, a defesa da senadora anexou aos autos prints e links de matérias veiculadas à época em que a então deputada federal Rose Modesto anunciou que deixaria o partido, logo após o primeiro turno das eleições de outubro passado, quando a ex-parlamentar perdeu disputa ao Governo do Estado.
“A verdadeira intenção é na verdade tumultuar as convenções tendo em vista que o grupo do mesmo se desligou do partido há mais de cinco meses, após realizada as eleições do primeiro turno, e isto foi amplamente divulgado em nota em diversos jornais de grande circulação”, informa a defesa. Nos bastidores, a informação é de que Rose quer registrar chapa e se candidatar ao comando da legenda.
Acusações - Ainda segundo apresentado no pedido de reconsideração de decisão, Anderson do Carmo, tesoureiro-adjunto no diretório estadual, nunca foi filiado ao partido e desde 2016 é membro ativo do PSDB. Uma certidão da Justiça Eleitoral foi incluída na ação na tentativa de comprovar a informação.
“Nunca possuiu filiação partidária válida e cadastrada no sistema de filiações do interno do partido ou mesmo do TSE, o que pode ser facilmente verificado pela análise interna do sistema filia pelo próprio TRE de Mato Grosso do Sul, bem como por certidão de filiação partidária o que por si só justificaria a sua inativação da composição estadual do União Brasil, onde ocupava o cargo de tesoureiro-adjunto indevidamente”, argumenta a defesa.
Já Davis Martinelli, que faz parte da comissão provisória municipal de Três Lagoas, veio do Democratas quando houve fusão com o PSL em fevereiro de 2022, e, segundo a peça, está na ocupação porque é vereador da cidade, portanto, tem essa prerrogativa.
“Contudo, atua como um membro afastado da direção partidária local, sem expressão e significância para os andamentos dos trabalhos partidários ao ponto de não ter a ciência das tratativas do presidente da comissão provisória de Três Lagoas, Fabrício Venturoli Lunardi, diretamente com a direção estadual do partido”, informa o documento.
Por fim, alegam que houve equívoco no julgamento que resultou na anulação na eleição, pois a análise não contemplou dois artigos do estatuto do União Brasil que falam sobre a divulgação do edital de convocação dos membros à convenção regional. No entanto, destaca que, enquanto a solicitação não é atendida, os antigos integrantes seguem ativos nos cargos, conforme determinado judicialmente.
A reportagem tentou contato com os nomes citados na matéria. A senadora Soraya Thronicke informou que por enquanto não irá se manifestar sobre o tema. A ex-deputada Rose Modesto foi questionada, mas até a publicação da matéria não houve retorno.
O vereador de Três Lagoas Davis Martinelli, um dos autores da ação para validar a chapa provisória de membros da cidade e defensor da anulação do pleito da executiva estadual feito pela senadora Soraya Thronicke, ressaltou que apoiará uma possível chapa encabeçada por Rose Modesto. Ele alega que nunca houve diálogo da senadora e atual presidente do partido com os demais correlegionários do interior.
"É o desespero de que está perdendo espaço. Não estamos vendo ela representar o partido e precisamos crescer no Estado. O poder dela como presidente ficou concentrado com poucos e ela não faz consulta aos correlegionários, ficamos sabendo tudo sobre o partido pela imprensa, nem na época da eleição recebi uma ligação", esclarece o vereador.
Anderson do Carmo, que também propôs ação para anular o pleito estadual do partido realizado no dia 4 de abril, não foi localizado. O espaço segue aberto para manifestação.