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Política

Temer contém debandada de ministros após escândalo, por enquanto

Paulo Nonato de Souza | 19/05/2017 09:34
Pelo menos neste primeiro momento, Temer conseguiu evitar a debandada de aliados do seu governo (Foto: Agência Brasil/Divulgação)
Pelo menos neste primeiro momento, Temer conseguiu evitar a debandada de aliados do seu governo (Foto: Agência Brasil/Divulgação)

No balanço do segundo dia após as denúncias de corrupção envolvendo o president Michel Temer, apenas um ministro deixou o governo. O deputado federal licenciado, Roberto Freire, presidente nacional do PPS, que ainda na noite de quarta-feira, logo depois de o escândalo das delações da JBS vir à tona, anunciou a decisão de abandonar o barco caso Temer não renunciasse, foi o único a sair até o momento.

Pelo visto, o presidente Michel Temer conseguiu conter, ao menos no primeiro momento, uma debandada da base aliada. Para ganhar tempo, os principais partidos condicionaram a saída do governo à uma avaliação do conteúdo do áudio gravado pelo empresário Joesley Batista.

O PPS oficializou o rompimento com o Palácio do Planalto, Roberto Freire deixou o Ministério da Cultura, mas o seu colega de partido, Raul Jungmann, optou por permanecer à frente do Ministério da Defesa.

Principal aliado do governo, o PSDB rachou e deu diversos sinais durante o dia de que iria desembarcar da base aliada de Temer. Deputados tucanos chegaram a protocolar um pedido de impeachment contra o peemedebista na Câmara. Dois dos quatro ministros do partido - Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades) - teriam até elaborado suas cartas de demissão.

Bruno Araújo chegou anunciar sua saída do governo, inclusive até cancelou agendas com o governador Reinaldo Azambuja e o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, nesta quinta-feira, 18, por conta da sua decisão de renunciar, mas reconsiderou e permanece aliado de Temer.

A cúpula do partido atuou para que os ministros permanecessem nos cargos. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumiu a presidência do partido após o afastamento do senador Aécio Neves (MG), foi o responsável pela articulação.

Segundo o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (PSDB-SC), o partido preferiu não tomar uma decisão antes de esclarecer os fatos com Temer. "O PSDB não tem costume de abandonar o barco apenas por notícias ruins", afirmou.

O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que a ideia é que os principais partidos da base decidam juntos se vão ou não deixar o governo. "Nós temos de agir com parcimônia e com responsabilidade, observando o interesse do País, sem descuidar das acusações e dos fatos, que são graves", disse.

De acordo com ele, Temer demonstrou confiança no pronunciamento que fez na tarde de ontem. "O pronunciamento foi forte, ele estava muito convencido de que não vão pegá-lo, que ele tem defesa para as acusações", afirmou o senador.

Para os democratas, a situação do partido é mais "delicada" pelo fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ser o primeiro na linha sucessória e terá de assumir a Presidência caso Temer seja afastado. Segundo eles, qualquer movimento, neste momento, poderia ser interpretado como oportunismo.

Antes de os áudios da conversa entre Temer e Joesley serem divulgados pela imprensa, diversos partidos reafirmaram apoio ao governo. Em nota, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou esperar o "rápido esclarecimento dos fatos por parte da Justiça, para que o País volte o mais breve possível à normalidade".

Também em nota, o PR afirmou que reitera a sua "confiança no trabalho" de Temer e que não baseava a sua permanência no governo em notícias de investigações em curso.

O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), disse que era preciso levar em consideração "os efeitos negativos de uma ruptura institucional no momento em que a economia do País começa a se recuperar".

Já o líder do PSD na Câmara, o deputado Marcos Montes (MG), afirmou que o partido vai se reunir na próxima segunda-feira para tomar uma decisão. "Estamos na fase das especulações, precisamos das provas", afirmou. Ele, no entanto, admitiu que as denúncias contra Temer põem em xeque a governabilidade e adiam a aprovação das reformas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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