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Política

Tereza Cristina critica protecionismo e cita Manoel de Barros em reunião

Ministra da Agricultura do Brasil discursou para representantes de Rússia, Índia, China e África do Sul

Jones Mário e Silvia Frias, enviada a Bonito | 25/09/2019 13:02
Tereza Cristina é a anfitriã do encontro, realizado no EcoSesi, em Bonito (Foto: Paulo Francis)
Tereza Cristina é a anfitriã do encontro, realizado no EcoSesi, em Bonito (Foto: Paulo Francis)

Anfitriã da 9ª Reunião dos Ministros da Agricultura do Brics, realizada no EcoSesi de Bonito, Tereza Cristina abriu o encontro com críticas ao protecionismo de países desenvolvidos no comércio agrícola. Sem “dar nome aos bois”, a ministra disse que tal política ameaça a viabilidade de uma revolução verde em países emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, representados na agenda realizada na cidade turística.

Em discurso de abertura, Tereza Cristina disparou que o protecionismo de nações desenvolvidas expõe países em desenvolvimento “à competição injusta de bens subsidiados” e nega “acesso a mercados consumidores importantes”. A ministra sul-mato-grossense defendeu comércio agrícola “de fato livre e justo”, a fim de permitir “disseminação de melhoria das condições no campo, onde está concentrada a maior parte da pobreza no mundo”.

A representante do Brasil na reunião aproveitou para destacar o fomento à inovação na agricultura, o que, segundo ela, foi a base do sucesso do modelo brasileiro. “É justamente esse vetor de desenvolvimento que se encontra hoje sob ameaça das práticas, talvez até bem-intencionadas, mas com amplos efeitos nocivos, de alguns países ricos”, acusou.

Tereza Cristina culpou nações desenvolvidas por abandono da ciência na regulação e comércio de alimentos e desinformação de consumidores, o que prejudica “o desenvolvimento dos mais pobres; o acesso democrático a alimentos de qualidade; e a preservação do meio ambiente”.

“Um sistema global regulado apenas em benefício de alguns países ricos não é do interesse dos produtores e consumidores de alimentos em todo o mundo – e também não é do interesse do Brasil”, completou a ministra.

Manoel de Barros – A fala de abertura do encontro foi finalizada com uma citação ao poeta Manoel de Barros, um dos mais aclamados entre os contemporâneos e que morreu em 2014, em Campo Grande.

“A importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”, citou. A frase foi retirada do poema “Sobre Importâncias”, do livro Memórias Inventadas: a segunda infância”.

Reunião - A programação do encontro começa nesta quarta-feira (25) e termina na quinta (26). Entre as pautas da reunião estão a inovação tecnológica na agropecuária diante do aumento da população mundial e da demanda por alimentos.

De janeiro a junho de 2019, os países integrantes do Brics movimentaram US$ 17,3 bilhões e 40,9 milhões de toneladas em exportações, com destaque para a comercialização de soja e seus derivados, responsáveis por R$ 11,9 bilhões. Em 2018, as negociações somaram US$ 38,4 bilhões.

De acordo com o Ministério da Agricultura brasileiro, Bonito sedia evento político de porte internacional pela primeira vez. Antes do encontro, Tereza Cristina contou que elegeu o município porque “representa o que nós temos em termos de meio ambiente e agricultura sustentável”. Segundo ela, a primeira impressão dos ministros “foi ótima”. “Estão todos encantadíssimos com o que estão vendo”, complementou.

A reunião pretende fortalecer a cooperação entre os integrantes do grupo a fim de cumprir as metas da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Ao fim da agenda, os participantes assinarão a Declaração de Bonito, com compromissos pela promoção de inovação e ações a fim de aprimorar novas soluções para sistemas de produção de alimentos.

Em novembro, os chefes de Estado de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul têm compromisso em Brasília, na 11ª Cúpula do Brics.

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