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Política

Tribunal paga pelo shopping o dobro do valor de mercado

Josemil Arruda | 30/01/2014 17:14
Internamente, prédio comprado do shopping se assemelha a um galpão  (Fotos: Cleber Gellio)
Internamente, prédio comprado do shopping se assemelha a um galpão (Fotos: Cleber Gellio)
Prédio do Judiciário já está sendo mexido, embora TJMS ainda não tenha projeto e valor
Prédio do Judiciário já está sendo mexido, embora TJMS ainda não tenha projeto e valor

O prédio adquirido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul custou, pelo menos, o dobro do valor de mercado. Segundo corredores que atuam em Campo Grande, o metro quadrado na região vale R$ 3.836,00. O tamanho da área construída, do antigo shopping, é de 4.465 m2. Feita a conta, o valor real do imóvel é de R$ 17.127.000,00. A Justiça pagou R$ 38,87 milhões.

Dados fornecidos pela Câmara de Valores Imobiliários (CVI) e pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/MS) também comprovam que o valor do metro quadrado na região onde está localizado o Shopping 26 de Agosto é abaixo do pago pelo Tribunal de Justiça.

Somando o metro quadrado do terreno, avaliado pela CVI em R$ 2.200,00, com o Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m²), estimado em R$ 1.339,32 chega-se a R$ 3.539,32, com valor total de R$ 15,85 milhões, um pouco abaixo da avaliação feita pelos corretores consultados pelo Campo Grande News. Já o Tribunal de Justiça está pagando R$ 8.705,48 por metro quadrado, sem considerar o subsolo destinado ao estacionamento, o que totaliza os R$ 38,87 milhões.

Segundo o presidente da CVI, Ronaldo Bedini, o custo do metro quadrado do terreno no centro de Campo Grande é variável, mas na região da Rua Calógeras com a 26 de Agosto custa R$ 2.200,00. “Troquei ideia com meu avaliador e uma área grande hoje, naquela região, custa R$ 2,2 mil o metro quadrado, mas não fui generoso”, informou Bedini.

O custo da construção de um prédio, como o do mal sucedido Shopping 26 de Agosto, segundo o superintendente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon/MS), Valter Ratich, pode ser consultado, através do CUB (Custo Unitário Básico), no próprio site da entidade (www.sindusconms.com.br). “Esse custo envolve material e mão de obra. Dá para ter um parâmetro, mas preço de venda envolve uma série de coisas, inclusive taxas e impostos e o lucro”, observou ele.

Nessa tabela do site do Sinduscon, os projetos de padrão comercial abrangem as seguintes tipologias e valores por metro quadrado: CAL-8 (Comercial Andares Livres), com padrão normal a R$ 1.071,13 e alto a R$ 1.168,33; CSL – 8 (Comercial Salas e Lojas), de R$ 905,20 ou R$ 1.007,81 no padrão mais elevado; CSL – 16 (Comercial Salas e Lojas, de R$ 1.207,17 ou R$ 1.339,82 na padrão alto. Considerando esse último padrão, de mais alto valor, é que se chega à estimativa de R$ 3.539,82 o metro quadrado na área do Shopping 26 de Agosto, que tem 4.465 m2, totalizando R$ 15,85 milhões.

Outro dado informado pelo presidente da CVI, Ronaldo Bedini, corrobora a informação sobre o custo do prédio. Ele informa que fez vistoria no prédio que o Hospital do Câncer Alfredo Abrão comprou da Rocket. “Me lembro que o valor era de R$ 7,8 milhões e pagaram R$ 9,2 milhões, há cerca de cinco anos”, informou ele. O prédio do hospital tem 2.600 metros quadrados. Embora se considerando que as estruturas são bem diferentes e a localização, em relação ao Shopping 26 de Agosto, que mais parece um grande galpão, o valor foi de R$ 3.538,46 o metro quadrado.

Adaptações – Além de pagar preço altíssimo pelo prédio do Shopping 26 de Agosto, mais de R$ 38 milhões, o Tribunal de Justiça do Estado ainda terá de fazer adaptações que devem custa mais alguns milhões de reais.

No prédio funcionavam pequenas lojas, cujas divisórias já estão sendo desmontadas. Para o funcionamento dos juizados, aos quais será destinado o prédio, serão necessárias construções de gabinetes, salas, departamentos, banheiros, novas tubulações para parte hidráulica, sanitária e elétrica, além do sistema de isolamento acústico e do ar condicionado.

Há ainda dificuldades insanáveis, como problema crônico de estacionamento no centro de Campo Grande. Embora haja um subsolo, este deve ser destinado aos veículos apenas dos juízes e funcionários. O Tribunal de Justiça não soube dizer o valor que gastará no prédio. Alega que os projetos ainda estão sendo elaborados.

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