Vereador identifica 'sumiço' de aplicação milionária feita pelo IMPCG
À medida que auditoria nas contas da Previdência do Município avança, suspeita de irregularidades se tornam mais evidentes e devem ser encaminhada ao Ministério Público
Nos livros fiscais enviados à Câmara Municipal pelo IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande), com o movimento financeiro dos últimos sete anos, faltaram documentos e relatórios referentes a dois bimestres, que correspondem aos meses de setembro a dezembro de 2013. Estranhamente, neste período houve uma baixa significativa nos cofres do Instituto, segundo um dos os parlamentares que investiga o caso.
Além da falta dos relatórios de 2013, outro fato instiga os vereadores que adentram as contas do IMPCG desde o início deste ano: "uma expressiva aplicação financeira, na ordem de R$ 100 milhões, que pode ter 'sumido' com a quebra do Banco Rural, neste mesmo ano", aponta o vereador Hederson Fritz (PSD), que comanda os trabalhos.
"Ainda não conseguimos identificar para onde foi o dinheiro e de que forma foi, por isso pedimos mais documentos ao IMPCG", explicou. "Percebemos uma diminuição de recursos e não existe nada instrumentalizado que justifique", diz Fritz, ressaltando que os apontamentos ainda não tem caráter conclusivo, e que os trabalhos prosseguem - haverá reunião da Comissão Parlamentar nesta quarta, quinta e sexta-feira (3), na Câmara.
Ao Campo Grande News, ele revelou ainda outro ponto "importante" que dificulta o entendimento sobre o fluxo e administração do Instituto: o caixa único. "Não existe divisão da receita, do que vai para a assistência e do que é da previdência, ou seja, elas se misturam e se aplicam indiscriminadamente", reclama o peesedebista, ao propor que a nova gestão divida os caixas, entre serviços e aposentadoria.
Saques e retiradas de montantes não declarados também estão no foco da Comissão Especial que investiga suspeitas de fraude na previdência do Município. O objetivo é entender como o fundo de reserva do IMPCG, que era de R$ 300 milhões em 2013, caiu para apenas R$ 10 milhões em 2016. A dificuldade financeira é comprovada em contratos de novembro e dezembro não quitados. "Estamos preocupados, pois terceirizados não estão sendo pagos e o servidor está contruibuindo sem a devida assistência".
Segundo o presidente da Comissão, o relatório conclusivo "sobre a parte previdênciária" deve ficar pronto ainda na primeira quinzena de março. "Na próxima semana vamos definir como será a condução dos trabalhos referentes à parte assistêncial", finalizou o enfermeiro, ressaltando que, neste caso, precisarão pedir novos documentos ao Instituto. A comissão é formada ainda pelos vereadores Livio Leite (PSDB), Cida Amaral (PTN), Jeremias Flores (PT do B) e William Maksoud (PMN). Fritz também não descarta que a Comissão seja convertida em CPI - neste caso, frente à vontade da maioria dos 29 vereadores.