Vereadores impõem derrota a Bernal e servidores falam em greve geral
Com 23 votos contra e apenas um a favor, o reajuste de 9,57% linear aos servidores municipais, proposto pela prefeito Alcides Bernal (PP), foi rejeitado pelos vereadores de Campo Grande, em sessão realizada esta noite na Câmara. Cerca de 350 servidores acompanharam a votação junto a representantes de várias categorias, e alguns já conclamam a realização de uma greve geral.
Por volta das 18h, sindicalistas e os parlamentares se reuniram para discutir a questão. O pedido feito pelos trabalhadores era o de retirada do projeto da pauta da sessão, para que assim pudessem discutir individualmente o reajuste de cada categoria. Porém, segundo o presidente da Casa, João Rocha (PSDB), a retirada não foi possível porque não havia um líder do prefeito para acertar detalhes.
"O objetivo deste projeto foi o de colocar uma categoria contra a outra", afirma o presidente do CRO-MS (Conselho Regional de Odontologia em Mato Grosso do Sul), Francisco Francisco Carlos Grilo, que também quer a rediscussão do reajuste. A procuradoria da Câmara também deu parecer contrário ao projeto, afirmando que nele contém "vícios importantes". Nenhum relatório de impacto financeiro foi enviado.
Com a rejeição pela Câmara, um novo projeto terá que ser enviado por Bernal, enquanto que se apenas fosse retirado de pauta, o mesmo projeto poderia ir à votação em ocasião posterior. Porém, o prazo para que reajustes acima da inflação sejam concedidos terminou hoje (5), sendo assim, os valores não poderão exceder 11%. A limitação ocorre por causa da lei eleitoral.
"Esse voto negativo representa a falta de diálogo do Executivo, que não quer ouvir ninguém. Não podemos aceitar esse projeto cheio de vícios que poderiam ser corrigidos, mas ninguém da prefeitura veio até aqui discutir", afirmou a vereadora Carla Stephanini (PMDB), durante seu voto. A falta de discussão também foi criticada por outros parlamentares. O único voto favorável foi de Cazuza (PP).
A proposta de pagar parte do reajuste em maio (3,57%) e o restante em dezembro também desagradou. "Sabemos que em dezembro não tem mais dinheiro em caixa, e se aprovar esse reajuste escalonado, pagando um pouco agora e deixando o restante para depois, todo mundo ia ficar chupando dedo. A Câmara vai votar contra porque é a vontade de todas as categorias", opina o vereador Alex do PT.
Apesar do reajuste ter sido barrado, foram votadas e aprovados pela Câmara duas emendas modificativas referente aos técnicos de enfermagem e enfermeiros da Capital, criando uma tabela salarial para a categoria.
Nesta quarta-feira (6), será discutido por várias categorias a realização de paralisações no serviço público. A ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) se reúne às 14h.