Durante o ano, a periferia mostrou que tem potencial para fazer muita comida boa
Em 2016, Campo Grande viu a periferia ganhar espaço na gastronomia. Restaurantes, food trucks e hamburguerias mostraram que é possível apreciar bons pratos pertinho de casa, não importa em qual região da cidade você more. O legal de todas essas histórias é descobrir que a maioria dos empreendedores continua na luta por melhorias e, claro, o coração dos clientes.
O Lado B reuniu as principais trajetórias de quem começou no bairro e batalha para se manter mesmo com as dificuldades.
Panquecaria na Vila Popular – No dia 21 de outubro, a Santa Panqueca foi destaque na coluna de Sabor do Lado B. Idealizada pelo arquiteto Samuel Coelho de Lima, o restaurante lutava para se firmar no bairro e ainda sofria resistência dos próprios moradores. Hoje, Samuel diz que tudo mudou. “Na primeira e segunda semana após a matéria eu praticamente não dei conta. Pessoas de outros bairros, da região do Parque das Nações Indígenas, Jockey Clube e finalmente o pessoal do bairro. Nunca teve uma coisa boa no bairro e as pessoas estão se acostumando, elas vêm duas ou três meses no mês. Vamos continuar firme e forte em 2017”, afirma Samuel.
Casa de Caldo nos Cafezais – Ceula sempre foi apaixonada por culinária e esse sonho finalmente ganhou forma quando ela abriu a Casa de Caldo Panela Preta. Em maio nós visitamos o restaurante que tinha acabado de abrir na Vila Marajoara. Hoje, a casa de caldos mudou de endereço, ainda na avenida dos Cafezais, mas agora no número 1240. “Mudamos de ponto, na mesma rua, ficou bem melhor, essa instalação está mais aconchegante. Foi um ano complicado, mas um ano bom. Completamos um ano e ganhamos clientes de outros bairros com a reportagem”, conta Ceula.
Wesley Salgadão – O nome fez sucesso logo de cara. Com direito a destaque no site nacional Buzzfeed após sair no Lado B, Wesley mostrou que o melhor do Brasil é o brasileiro. “As pessoas tiram sarro, os clientes antigos brincam que eu fiquei famoso, “te vi no Campo Grande News”. Tem alguns que não conheciam e porque viu lá apareceu. Tudo melhorou de como era antes. Mas, comércio continua complicado ultimamente”, acrescenta o Wesley Janilton, o Salgadão.
No Tijuca – Lanche com três andares e com nome de Especial do Gordim é o carro-chefe do Burger Pub, restaurante aberto no bairro Tijuca. “No final de semana após a publicação isso aqui bombou. Hoje batemos recorde novamente de venda e faturamento. Fazendo um comparativo com aquela época quase triplicamos e implantamos o delivery que também recebe muitos clientes novos. O pessoal que vem é muito variado, mas vem pessoas de longe, como Carandá e Chácara Cachoeira.
Pertinho da hamburgueria é onde Karoline Gomes, de 16 anos, vende os sonhos assados que aprendeu com a mãe pelo preço de R$ 3,00. No forno a lenha ela faz o doce e comercializa ali, na rua Panambi Vera, em frente a escola municipal Nagem Jorge Saad, todos os dias, embaixo de um guarda-sol colorido. O jeito extrovertido e cheio de simpatia é o que também acaba fidelizando a clientela.
O podrão vive – Em agosto, percorremos alguns “podrões”, gíria para quem foge do raio gourmetizador, e mostramos que os carrinhos de lanches em Campo Grande continuam com tudo. O Bola Lanches está há 11 anos no Trevo Imbirussú e mantém a tradição de permanecer aberto até as 6 horas. Outros exemplos como Elvis Lanches na avenida Paraty também foram citados. “Foi muito bom, vieram bastantes clientes conhecer, além de quem já conhecia. Gostaram muito, foi muito legal”, acredita Leonardo Miranda, o Bola.
Coophamat – Pertinho do Bola Lanches, ali na região do Trevo Imbirussú tem a Villa Mexicana. A kombi verde tem cachorros quentes diferentes, com direito a linguiça no lugar da salsicha e purê de batatas no paulistano.
Falando em kombi, vale a pena lembrar da história da VégVelo. Começando com lanches e refeições veganas entregues em uma bicicleta, Paulo Renato do Amaral Benites conseguiu em outubro abrir o food truck da marca. No início, a kombi estacionava apenas na Praça do Peixe, agora roda por várias lojas de produtos naturais.
Para quem não pode nada – Cintia e Bárbara, mãe e filha, criaram a Café com Bolo na rua Vitório Zeolla depois de sofrerem muito com a restrição alimentar da jovem. Com a alergia de Bárbara ao leite as duas aprenderam a preparar quase tudo sem a proteína e abrangeram o conhecimento para o ovo e glúten. “Até hoje as pessoas falam que viram no Campo Grande News. Desde que a matéria saiu, a procura dobrou. A pretensão agora que completamos um ano é crescer, abrir novos pontos de venda. As pessoas pedem sempre para a gente não fechar, porque as opções na cidade são poucas”, conta Cíntia de Souza.
Cheio de gracinha – Na Vila Progresso, o bar Arlekin abriu com chope de um litro e proprietários que usam muitas máscaras. Segundo Bruno Guimarães Brasil, a matéria em outubro foi essencial para o crescimento do bar. “Foi a reportagem que mais deu curtida e compartilhamento na nossa página, impulsionou, todo mundo comentou muito. Estamos com um movimento ótimo, quarta, quinta, sexta e sábado lotou. Avaliações ótimas e se tem algum problema eu vou lá mascarado converso com o cliente e tudo dá certo”, brinca Bruno.
Mata do Jacinto - O Malabares Burger abriu em 1983 e segue com o mesmo tempero até hoje. Wilson Oliveira Paixão, o proprietário aprendeu com a mãe a dominar a chapa. "Foi ótima a reportagem porque estávamos na mudança de logo e do nome, então isso ajudou a consolidar. O projeto para o ano que vem é conseguir um espaço maior para atender os clientes", afirma Wilson.
Food truck nas feiras - O Delícias da Lita continua percorrendo as feiras de Campo Grande com a batata de frigideira que faz jus ao nome do carro e tapioca de vários sabores. A reportagem é uma das mais recentes da nossa retrospectiva. Saiu no dia 3 de dezembro, mas vale a pena lembrar. Dona Estelita de Araújo Bezerra está feliz da vida com o resultado do trabalho.
"Tem gente que apareceu de Vicentina para experimentar, outras são de bairros no Centro. Eu creio que ainda estou colhendo os frutos porque antes as pessoas reclamavam do preço e hoje nem falam nada, parece que já chegam sabendo como é e o valor. Acredito que seja pela reportagem", diz, agradecida.