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Reportagens Especiais

Filha e genro do 1º carpinteiro contam histórias da vila de casas de madeira

Helio de Freitas, de Dourados | 14/12/2015 07:38
Filha e genro do 1º carpinteiro contam histórias da vila de casas de madeira
Ema Klein Pires e Jaziel Silveira Pires nasceram antes da fundação da cidade (Foto: Chico Leite/Divulgação)
Ema Klein Pires e Jaziel Silveira Pires nasceram antes da fundação da cidade (Foto: Chico Leite/Divulgação)

Dourados, que no dia 20 deste mês completa 80 anos de emancipação, era só um pequeno aglomerado de casas de madeira quando virou município. Pessoas que já viviam naquela época lembram com detalhes da vila cravada no meio do mato e cercada por fazendas, que atualmente tem 210 mil habitantes, 130 mil veículos e assusta quem jamais esperava ver tanto crescimento.

Ema Klein Pires, 87, e o marido Jaziel Silveira Pires, 89, fazem parte desse seleto grupo de douradenses natos que mantêm a lucidez e a boa memória para contar histórias do final dos anos 30 e início da década de 40.

Filha do alemão Alfredo Richard Klein, pioneiro da cidade, ela lembra conta que o pai foi o primeiro carpinteiro a construir casas de madeira na cidade. Segundo Ema, poucos conhecidos tinham casas feitas de alvenaria e algumas dessas eram usadas para comportar lojas.

A família de Ema morava na região onde existe atualmente a Vila Planalto. Além das casas, Alfredo Klein fazia também os caixões para sepultar os que morriam na cidade, mas por este trabalho ele nunca cobrava, conta a filha.

Foi Alfredo que construiu o primeiro prédio da Escola Erasmo Braga, uma das poucas que existiam em Dourados quando Ema começou a estudar. O transporte na época era precário, todo mundo andava a pé e alguns poucos tinham carros ou caminhões. Poucos lugares também tinham calçadas.

Jaziel conta que estudou na Escola Erasmo Braga quando foi fundada. “Dourados era um pequeno povoado, era uma família”, disse ele, lembrando que todos se conheciam e sabiam onde cada um morava. Jaziel foi criado pela tia, que era viúva de Marcelino Pires. “Ali que aprendi a ler, que fui para a escola, nas mãos dela”.

Apesar de afirmar que a Dourados de sua infância era de tranquilidade, na politica local o clima era outro. Segundo ele, naquela época não existia adversário e sim inimigo político. Quem era de direita ou esquerda, era extremista. O PTB era um partido forte, devido à Colônia Agrícola Nacional de Dourados, criada no governo de Getúlio Vargas. Jaziel era “Getulista”.

Para o servidor público aposentado, é um choque lembrar da cidade como conheceu e a Dourados de hoje. “É uma coisa até meio esquisita. Mas a gente no fim fica satisfeito, fica alegre, porque o lugar cresceu, é a segunda cidade de Mato Grosso do Sul”.

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