Vítima da maior onda de roubo em 5 anos relata impotência e indignação
Era por volta das 21h do dia 7 de novembro quando o pneu dianteiro da moto de Elaine Cristina de Oliveira Abreu, 29 anos, estourou no Centro de Campo Grande. A assistente administrativa havia acabado de deixar um salão de beleza e seguia para a casa, mas teve que desviar o trajeto para um posto de combustíveis da região, onde imaginava que conseguiria encher o pneu.
Ela precisou empurrar o veículo. No caminho, ao chegar no cruzamento das ruas Treze de Maio e Jornalista Belizário de Lima, em frente a um ponto de ônibus, foi abordada por dois indivíduos armados que estavam em uma Honda Biz preta. Os ladrões não se importaram com grande movimento de pessoas e veículos naquele horário, e anunciaram o assalto.
Sob a mira de duas armas de fogo, a mulher foi obrigada a entregar a bolsa com documentos, cartões, objetos pessoais e R$ 300 que havia acabado de sacar para pagar uma conta que venceria no dia seguinte. “Foi rápido. Quando vi a moto, o passageiro desceu e colocou a arma na minha cintura. Ele dizia o tempo todo que iria estourar minha cabeça”, disse Elaine, lembrando que abriu o baú de sua moto e entregou tudo aos bandidos que fugiram.
A história da assistente se confunde com a de muitas outras vítimas da maior onda de roubos dos últimos anos na Capital. De acordo com a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) o índice deste tipo de crime cresceu 23,4% desde 2010, no período que compreende entre 1º de janeiro e 21 de dezembro. Só neste ano foram 4.903 casos, com média de 13,8 roubos por dia. Em 2013 foram 3.356, 3.210 em 2012, 4.28 em 2011, e 3.971 em 2010.
Trauma – Os momentos de tensão ficaram marcados na vida de Elaine, já que foi a primeira vez que ela foi roubada. Os poucos minutos trouxeram alguns traumas, como a reincidência do quadro de depressão e síndrome do pânico. “Tive que me afastar do trabalho e fiquei cinco dias sem conseguir pilotar a moto. Tinha muito medo e acreditava que o tempo todo estava sendo seguida. Não tirava os olhos do retrovisor. Mas felizmente, depois de procurar um médico, consegui superar o ocorrido”, explicou a vítima, lembrando do sentimento de revolta. “A gente fica indignado. É uma sensação de impotência muito grande”.
Apesar de todos os transtornos, tais como os problemas de saúde e a aquisição de novos documentos, ela agradece por estar viva, já que não terminou como a comerciante Neide Batista dos Santos, 50 anos, baleada em um assalto na Vila Ipiranga, na Capital, no dia 27 de outubro, e o policial Rony Mayckon Varoni de Moura da Silva, 28 anos, por exemplo, executado na tarde do dia 3 de junho, na rotatória da BR-262.
Neide foi atingida por um tiro no abdômen, mesmo sem ter reagido. Ela foi socorrida e levada a uma unidade de saúde, mas no dia 16 do mês passado, não resistiu e morreu. O policial, por sua vez, transportava um malote com dinheiro, acompanhado de um colega, quando foi abordado por um grupo de assaltantes armados. Houve troca de tiros e Ronny morreu no local.
Sejusp – Diante deste cenário, o secretário de justiça, Wantuir Jacini, afirma que o tráfico é o responsável direto por este cenário, mas reforça que a Sejusp tem adotada medidas necessárias para conter a criminalidade, por meio do investimento nas forças de segurança através da contratação de policiais por meio do concurso público, com foco nos setores de inteligência e repressão, incluindo equipamentos, viaturas e reformas das delegacias.