Existe ovo de plástico? Leite tem soda? Frango é cheio de hormônio?
Na época em que os fake news estão dominando a internet, o que mais a gente encontra são vídeos e reportagens que colocam os internautas em dúvida. Como por exemplo, será que a China exporta ovos de plástico para o Brasil? O Campo Grande News consultou especialistas e você confere agora o que é mentira e o que é verdade sobre assuntos ligados ao mundo rural.
Mito! O boato repercutiu na internet depois de um vídeo que mostra a produção de uma imitação de ovos de galinha viralizar. O conteúdo indicava ainda que os ovos estariam sendo fabricados na China e sendo comercializados aqui, no Brasil.
A verdade é que nosso país sim exporta ovos, para mais de 50 países, inclusive, e não ao contrário. Sobre a confusão com os ovos de plástico, o zootecnista Ivo Arcângelo Vendrúsculo acredita que o que pode estar sendo interpretado como uma camada de plástico pela população é, na verdade, a existência de membrana interna que reveste a clara e a gema dentro da casca. “É uma película natural, que protege esse conteúdo e não há risco nenhum para a saúde”, afirma.
Com relação a casca, essa rigidez está ligada a quantidade de cálcio presente na formação do ovo. Por exemplo. Galinhas mais jovens botam ovos menores e depositam uma quantidade grande de cálcio. À medida que a galinha envelhece, o peso do ovo aumenta e a quantidade dessa substância permanece a mesma e precisa ser distribuída por uma superfície maior, ou seja, o ovo fica com a casca mais fina, menos resistente.
Também não. É mito! O assunto repercutiu nacionalmente depois de um caso de adulteração do leite no Rio Grande do Sul, em 2013. Mas, por mais que exista esse tipo de caso, a adição de soda cáustica na produção leiteira ou na industrialização do leite pode ser considerada uma fraude, ou seja, uma ação desonesta para obtenção de alguma vantagem.
Sua utilização no leite é proibida por lei. A finalidade de uso nessa situação é mascarar um leite de qualidade inferior, ou seja, sua adição não deixa que o leite coagule (fique ácido ou talhe), neutralizando a ação dos microrganismos que produzem ácido. A soda é utilizada para corrigir essa acidez.
Já o uso da amônia pode ser para dificultar a detecção da adição de água, que serve para diluir o leite e, consequentemente, aumentar o volume. Sua utilização no leite também é proibida por lei.
A adição desses elementos (amônia e soda) pode causar danos na saúde do consumidor, portanto, nenhuma substância pode ser incluída ou excluída do leite, com exceção da sua gordura, que só pode ser retirada na indústria, e do leite UHT, que pode ser adicionado citrato, que é um estabilizante, reforça Melissa Amin, doutora em Ciência Animal.
Isso não passa de mito. Muitas pessoas têm esse pensamento porque não imaginam a tecnologia que existe na produção de frangos de corte. Hoje não se usam hormônios, isso é proibido pela legislação brasileira. São usados alimentos altamente concentrados, melhorias genéticas e ambiente controlado para a criação.
As pesquisas mostram, também, que, economicamente, não compensa o uso destes hormônios. Com relação aos ovos, se a plica a mesma justificativa, o que faz a ave produzir mais é alimentação adequada, melhoramento genético e ambiente controlado.
Nãaaaao. Mito! A margarina é feita de gordura vegetal hidrogenada, essa hidrogenação transforma lipídios cis em trans que podem ser prejudiciais à saúde. Porém as indústrias tem melhorado o processo e diminuído a quantidade de trans das margarinas. Além disso algumas margarinas são enriquecidas com ácidos graxos da família ômega 3 o que é benéfico.
Em nada a margarina se assemelha com o plástico, destaca a zootecnista Milena Wolff.
Isso sim é verdade! A manteiga é produzida com pura gordura de leite. Essa gordura apresenta grande diversidade de ácidos graxos entre eles saturados e insaturados das famílias ômega 3 e 6 e são benéficos a saúde. Porém, ambas são produtos altamente calóricos e devem ser consumidos em pequenas quantidades, reforça Milena.
Mito! A agricultura orgânica é regida por uma lei, seus decretos e adendos. Essa lei define o que pode ou não usar em um sistema de produtos orgânicos. Tem muitos produtos químicos que estão permitidos pela lei de agricultura orgânica desde que comprovada que ela tem elementos essenciais para o crescimento das plantas.
Inclusive, existe um setor no Ministério da Agricultura responsável por certificar produtos na agricultura orgânica. Frequentemente essa lista é atualizada. Por exemplo, rochas moídas e calcário para corrigir a acidez do solo são produtos de certa forma químicos sintetizados como os que vêm da natureza. Tem um outro aspecto que é avaliado é a quantidade. Existe uma tolerância. As informações são de Olacio Mamoru Komori, da Associação dos Produtores Orgânicos do MS.
E para medir o nível da dúvida das pessoas, nós fomos para o Centro de Campo Grande conversar com a população. Você confere o que quais foram as respostas pelas ruas, no vídeo abaixo: