Parque Matas do Segredo, a aventura do conhecimento em um laboratório natural
Distante apenas 9,6 km do centro de Campo Grande, o parque proporciona uma maneira diferente de aprender sobre a natureza
Áreas de preservação ambiental, os parques naturais são sempre lembrados como lugares recheados de trilhas, grutas, cachoeiras, rios e muita diversidade de peixes, aves e mamíferos, porém, nem todos eles são atrativos apenas para quem gosta de turismo de aventura e curte a natureza. Alguns são bem mais do que isso.
É o caso do Parque Estadual Matas do Segredo, uma unidade de conservação de 177 hectares, distante apenas 9,6 km em relação ao centro de Campo Grande, que estende a contemplação de suas belezas naturais para a pesquisa científica, educação ambiental, recreação e turismo de contato com a natureza, como uma maneira diferente de aproveitar o meio ambiente e ainda aprender sobre ele.
Localizado no final da Rua Josefina Mingareli, no bairro Jardim Presidente, na região do Nova Lima, o Parque Estadual Matas do Segredo é uma espécie de laboratório natural, e o passeio é uma aventura de descobertas e conhecimentos sobre a natureza. Se você curte plantas medicinais, a lista do que pode encontrar no parque é bem extensa, como chapéu-de-couro, melão de são caetano, quebra-pedra, marcela, mamica de cadela, jalapa, barbatimão e outras tantas espécies.
A pesquisadora Karine Munck Vieira contou que faz pesquisas no Matas do Segredos para identificação de espécies de plantas e sobre a interação entre os insetos polinizadores e as plantas. “Dentro de um raio de 1 km quadrado eu observo as plantas que estão floridas e coleto os insetos visitantes para posterior identificação. O objetivo é analisar essas redes de visitação e ver se o grau de urbanização do entorno dos fragmentos está interferindo nas chamadas redes de interação”, revelou ela.
Em estado selvagem - Desde 1993, o parque ostenta o título de Jardim Botânico de Campo Grande. Sem sair do perímetro urbano, é onde você pode ver, por exemplo, lobinhos, macacos-prego, tamanduás, veados, bugios, antas, mutuns, e ouvir cantos de pássaros raros, como o choca-barrada, chorozinho de bico comprido, o tico-tico-rei e o canário do mato. Mas, se tiver sorte, porque os animais que vivem na área do parque não são nenhum pouco familiarizados com a presença humana.
“Os bichos aqui são arredios. Talvez isso mude futuramente com o avanço da cidade sobre a área do parque, e neste caso haverá o risco da convivência e domesticação, mas por enquanto os animais vivem em estado selvagem como tem que ser”, disse o guarda-parque Adeildo Moreira, que acompanhou a equipe do canal de turismo Lugares Por Onde Ando, do Campo Grande News, durante toda a nossa visita.
Embora esteja em área urbana, o Matas do Segredo não é o tipo de parque com pistas de caminhadas pavimentadas como normalmente as pessoas das cidades estão acostumadas. Lá você caminha em trilhas por dentro da mata virgem com todo tipo de obstáculos pela frente, desde cipós, galhos de árvores e até atoleiros em alguns pontos alagados. São 13 trilhas no total, e a previsão é de que na revisão do plano de manejo esse número poderá ser reduzido ou ampliado.
Cada trilha tem seu nome próprio e todas se entrelaçam na área do parque, formando uma confusão que só não existe na cabeça dos guias. Portanto, não perca seu grupo de vista, sob pena de se perder e não conseguir retornar ao ponto de partida. Segundo Ana Begler, gestora do parque desde 2010, o roteiro de caminhada mais procurado pelos visitantes é formado por quatro trilhas: Turista, Coral, Figueira e Estrada Parque, com extensão de 1 km.
“Parece pouca coisa, mas como são muitos pontos de paradas de observação no meio da mata a caminhada pode durar de 40 minutos a 1h”, explicou Ana Begler. A trilha mais extensa é a Estrada Parque com 8 km ao redor da área do parque, normalmente feita pelos guardas durante o trabalho de fiscalização em caminhonetes e triciclos.
A nascente do Segredo - Além do mirante, que nada tem a ver com estrutura montada em local elevado, mas de onde se pode ver a parte norte da capital sul-mato-grossense, uma das paradas quase obrigatórias é na nascente do Córrego Segredo, que além de dar nome ao parque é um dos córregos que cortam a cidade de Campo Grande. É uma bica de água potável e pronta para o consumo humano, segundo o nosso guia.
“Essa água vem de um conjunto de sete nascentes, todas aqui dentro do parque, e a partir dessa queda d'água nasce o Córrego Segredo. Temos um cuidado especial nessa parada porque ainda não temos infraestrutura de decks de proteção da área ciliar e o movimento de pessoas pode causar danos na vegetação e nas nascentes. Isso está previsto no novo plano de manejo”, contou o guia.
Mas, porque o Parque Estadual Matas do Segredo tem fama de ser desconhecido até mesmo pelas comunidades no seu entorno? “Diferente dos parques de lazer e práticas esportivas, como o Parque das Nações Indígenas, somos uma unidade de conservação da natureza com manejo sustentável para fins de pesquisa científica e sensibilização da população pela educação ambiental”, respondeu Ana Begler.
Quando ir ao Matas do Segredo – Sem pagamento de taxa, o parque é aberto para visitação pública de terça a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h, excepcionalmente também aos sábados, domingos e feriados conforme programação específica autorizada pelo Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão responsável pelos parques estaduais.
“Todas as visitas são guiadas com grupos de no máximo 20 pessoas, incluindo o condutor, exceção de visitas agendadas por pesquisadores porque eles já chegam com autorização do Imasul e sabem exatamente onde querem ir”, disse Adeildo Moreira.
Serviço: Embora gratuitas, as visitas ao Parque Estadual Matas do Segredo são agendadas pelo telefone (67) 3351-9549 ou pelo site www.imasul.ms.gov.br/agendamentos. No passeio, recomenda-se usar repelente para inibir os mosquitos, roupas confortáveis que cobram o corpo ao máximo, calçados adequados (tênis ou botina), boné ou chapéu, protetor solar e não esquecer de levar água.