Caminhões: queda nas vendas enche os pátios
Estoque de veículos de carga supera 48 dias, segundo Anfavea
A queda de apenas 1,5% na produção, em oposição a um recuo de 11,3% nas vendas, resultou em pátios cheios nos fabricantes de caminhões. “Em toda a indústria automotiva o estoque médio é de 48 dias, mas no setor de caminhões esse número é mais alto”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), sem detalhar qual seria esse prazo.
O problema já resultou em redução de dias trabalhados em março em pelo menos três fabricantes de caminhões (veja aqui) e levou a MAN Latin America a suspender temporariamente os contratos de trabalho de 200 metalúrgicos em Resende (RJ) a partir da segunda quinzena de abril (leia aqui).
Moan recorda que o setor é dependente do Finame PSI, que voltará a ter sua versão simplificada. Isso implica aprovação mais rápida, em cerca de 30 dias em vez 45 a 50, como ocorre pelo processo normal. “Isso deve ter efeito imediato nas vendas”, diz o presidente da Anfavea. Na prática, os números deverão subir a partir de maio.
Os caminhões com maior queda em vendas no primeiro trimestre foram os modelos leves. De janeiro a foram emplacadas 5,1 mil unidades, resultando em retração de 31,7% ante o mesmo período de 2013. Pela mesma base de comparação, os semileves, com 1.046 unidades vendidas, registraram recuo de 15,8%. Com pouco mais de 11 mil unidades no trimestre, os pesados recuaram 8,7%.
PRODUÇÃO
Nos três primeiros meses de 2014 foram montados no Brasil 42,4 mil caminhões. Em oposição ao recuo nas vendas, os pesados atingiram 15,96 mil unidades montadas, registrando crescimento de 8,4% sobre igual período de 2013.
Outro segmento que parece explicar a alta nos estoques é o de leves, que teve recuo acentuado em vendas, mas alta de 11,5% na produção. Foram fabricadas 8,3 mil unidades de janeiro a março deste ano. No mesmo período, a produção de 14,5 mil modelos semipesados resultou em queda de 14,3%.
EXPORTAÇÃO
O envio de caminhões ao exterior no primeiro trimestre totalizou pouco menos de 4,7 mil unidades, resultando em alta de 9,2% sobre os mesmos meses do ano passado. O segmento com maior volume de embarques, o de semipesados (1,54 mil unidades), foi também o único a registrar queda, de 9% ante o mesmo período do ano passado. O segundo segmento mais exportado foi o de semipesados, com quase 1,4 mil caminhões e ligeira alta de 2,9%.
ÔNIBUS
A produção de ônibus de janeiro a março deste ano somou 9,6 mil unidades, resultando em queda média de 3,2%. A retração foi puxada pelos modelos de uso rodoviário, que tiveram 1,49 mil unidades montadas e queda de 14,5% ante igual período de 2013.
Comparados pela mesma base, os modelos urbanos somaram neste ano 8,13 mil unidades e discreta alta de 0,7%. Do total produzido em 2014, 1,48 mil desses veículos foram exportados. O volume de embarques caiu 17,5% no período.
Assim como para os caminhões, a Anfavea acredita que a entrada em vigor da versão simplificada do Finame PSI terá efeito rápido na recuperação do setor. As vendas de ônibus no mercado interno registaram 6,95 mil unidades no primeiro trimestre, com recuo de 8,8% ante igual período do ano passado.