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2022: Um ano de travessias

Christina Maria Pedrazza Sêga (*) | 31/12/2022 13:30

São várias travessias ou passagens importantes que marcaram o ano de 2022 no mundo e no país e não poderia ser diferente em outros anos, décadas e séculos, afinal o mundo está em constante transformação. Não cabe aqui uma retrospectiva completa dos acontecimentos que ocorreram ao redor mundo, porém algumas mais comentadas pela mídia em geral. Mas este ano, especificamente no Brasil, as travessias foram marcadas com vários acontecimentos importantes na cultura, indo das artes plásticas à literatura, na saúde, educação e fatos políticos com comemorações diversas, de centenário a bicentenário. Sem esquecer de mortes e nascimentos assim como caminha a humanidade.

O Brasil tem muito a celebrar com as ilustres travessias. Começou o ano já descortinando um século do movimento modernista na cultura ao visar a pintura, literatura, música e outras artes. Nomes que definiram os rumos atuais foram lembrados como Mário e Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Menotti Del Picchia entre outros. Nas comunicações, um século do rádio no país, inaugurado no dia do centenário da Independência do Brasil e trazido por Roquette Pinto. Na literatura, este ano marcou o bicentenário de nascimento da primeira escritora brasileira negra, Maria Firmina dos Reis (11/03/1822), embora para a época só se considerava o nascimento na data do batismo, que foi três anos depois. Escreveu o primeiro romance abolicionista no país, intitulado Úrsula, em 1859. Também, este ano, a literatura brasileira homenageou o jornalista e escritor negro Lima Barreto pelo centenário de falecimento (01/11/1922) cuja obra magna é o Triste Fim de Policarpo Quaresma.

A Academia Brasileira de Letras nomeou o compositor e cantor negro Gilberto Gil como membro memorável pela sua contribuição na música brasileira, assim como a nossa dama maior da dramaturgia, Fernanda Montenegro, como integrante da tradicional Academia.

Na história política brasileira, dois séculos de Independência do Brasil. O grito da liberdade falou mais alto. De lá pra cá muitos fatos aconteceram na nossa política com outro imperador, libertação dos escravos, proclamação da república, outros governos, ditadura militar e a tão sonhada democracia, impeachments, prisões e a grande virada e retomada política neste ano de 2022 com a vitória e a volta do Presidente Lula, resgatando a tão aclamada democracia esquecida pelo último governo.

No quesito saúde, as doses complementares de vacina contra Covid 19 estavam à disposição da população, embora nem todos se dispuseram a completar o ciclo vacinal, ocorrendo com isso a retomada do vírus com outra variante, a Ômicron.

A educação não ficou de fora. No ano de 2022 foi lembrado o centenário de nascimento de Darcy Ribeiro, um dos colaboradores para a criação da Universidade de Brasília em conjunto com Anísio Teixeira. Antropólogo, historiador, político, Darcy focou seus estudos na educação do país e aos povos indígenas, ao publicar várias obras sobre esses assuntos como O Povo Brasileiro. Foi responsável pelo Memorial da América Latina em São Paulo e, também, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) em 1996.

Prestes ao encerramento do ano de 2022, a Copa do Mundo foi realizada no país mais rico dos continentes, o Qatar, mesmo com a eliminação do Brasil nas quartas de finais e com a inusitada classificação de um país africano para as semifinais, Marrocos.

Como despedida, o grande desejo de adeus às armas e um ano novo promissor de paz e coisas melhores para a nossa nação brasileira.

(*) Christina Maria Pedrazza Sêga é professora aposentada da Universidade de Brasília e doutora em Ciências da Comunicação (Universidade Nova de Lisboa).

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